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Golpe do imperialismo

A esquerda deve apoiar Boulos?

Correntes do PSOL já começam a campanha para pressionar o restante da esquerda a apoiar Boulos, mas a vitória de Boulos é a vitória da política de sabotagem do imperialismo

O apoio à candidatura de Boulos recebeu o aval das zonais do PT de São Paulo na Conferência ocorrida neste último semana, o que levou as diversas correntes do PSOL a se animarem e vislumbrarem a vitória da prefeitura da maior e mais importante cidade do país. O ideólogo e líder da corrente interna do PSOL, Resistência, escreveu uma matéria de opinião publicada em seu sítio Esquerda Online, em que ele revela esse otimismo. 

A matéria intitulada “Boulos pode vencer?” faz uma análise das eleições ocorridas em São Paulo desde a redemocratização, para demonstrar, primeiramente, porque o PT se elege na Capital paulista, mas nunca consegue se reeleger e, em segundo lugar, porque existe grande chance de o PSOL vencer.

O texto é repleto de lugares-comuns e preconceitos da esquerda pequeno-burguesa, como o de que a maioria da população em São Paulo é de direita, e seria esse o motivo da dificuldade do PT. O problema da luta de classes, que deveria ser um dos aspectos fundamentais para uma análise marxista de um processo eleitoral, seja ele de onde for, é mencionado apenas de passagem. No entanto, o que é preciso ressaltar é o engodo que Arcary e o restante do PSOL pretendem fazer passar toda a esquerda brasileira. 

Para ele, Boulos teria a possibilidade de ganhar as eleições tendo uma “cara de esquerda”. As circunstâncias para isso seriam uma suposta rejeição ao bolsonarismo e o impulso que a esquerda estaria recebendo com a recente vitória de Lula para a presidência em 2022. 

Toda a análise superficial dos processos eleitorais acaba sendo secundária porque a questão central é justamente o que não está sendo dito por Arcary e por mais ninguém do PSOL ou do restante da esquerda pequeno-burguesa, que entra num acordo silencioso de apoio ao psolista em São Paulo: Boulos é o candidato plantado pela burguesia e pelo imperialismo para suplantar o PT e para levar adiante a operação de sabotagem da política da esquerda nacionalista no Brasil, substituindo-a por uma esquerda ferozmente pró-imperialista. 

Primeiramente, nunca é demais lembrar que, conforme denunciado por este Diário, Boulos é um funcionário do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), organização dirigida por seu amigo Walfrido Warde e da qual fazem parte Sergio Etchegoyen (general da ala golpista mais linha dura das Forças Armadas), Leandro Daiello (delegado da PF durante o golpe contra Dilma) e Raul Jungmann (ex-ministro da segurança pública durante o governo Temer). 

Essas relações suspeitíssimas já seriam o suficiente para impugnar qualquer ideia de apoio da esquerda para a candidatura de Boulos, no entanto, a coisa não para aí. Boulos também foi a liderança das manifestações golpistas contra Dilma Rousseff durante o movimento “Não vai ter Copa”, movimento que também foi financiado pelo imperialismo (Fundação Ford), para dar uma faceta “popular” à campanha pela derrubada do governo petista. 

Outras peripécias de Guilherme Boulos: desmobilizou os atos que expulsaram a extrema-direita das ruas durante a pandemia; criou a farsesca “Frente Povo sem Medo” para desmobilizar a Frente Brasil Popular, cuja função era organizar a luta contra o golpe contra Dilma e outros episódios semelhantes. 

Boulos sempre foi um elemento desmobilizador e sabotador da luta popular, desde o princípio das articulações pelo golpe de Estado. Inclusive, foi durante o começo dessas articulações que ele surgiu como suposta liderança dos sem-teto. Ao ver sua atuação entre os sem-teto, no entanto, é possível ver que ele era responsável também pela desmobilização do movimento de moradia. 

Valério Arcary diz, em seu texto: “O clã da família Tatto, liderado por Jilmar (…) se posicionou contra Boulos por outras razões. A principal não é o medo da esquerda perder as eleições, que é impossível de ignorar, mas o receio de Boulos vencê-las. Se isso ocorrer, a relação política de forças entre PT e PSol muda de qualidade. O nome deste reflexo é sectarismo. Não é um bom critério”. 

A menção a uma ala do PT que não quer permitir que o PSOL dê essa rasteira no PT em São Paulo é seguida de uma acusação absurda de “sectarismo”. Não se trata disso, de forma alguma. Primeiro que a ala da família Tatto no PT tem seus próprios motivos para não querer o apoio a Boulos, podem não ser motivos corretos, mas com certeza são motivos políticos e não tem nada a ver com sectarismo. Os Tatto têm objetivos eleitorais, pode-se até discutir se são motivos oportunistas, mas são objetivos legítimos politicamente. Sua preocupação com o PT também é legítima e de fato, o PT está correndo o risco de ser ultrapassado pelo PSOL, não porque este é mais popular, mas porque a burguesia o está impulsionando.

O fato é que Boulos, com apoio da burguesia, pretende acabar com o capital político do PT em São Paulo. É disso que se trata a operação, a princípio. A mais longo prazo, a intenção é transformar Boulos no candidato da esquerda à eleição presidencial, ao estilo de Gabriel Boric, no Chile. 

Outra ideia presente nessa citação é a da chantagem que já está por vir: o apoio a Boulos é a única forma de impedir que a direita vença as eleições em São Paulo. Esse espantalho aparece ora na forma de Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, ou de Eduardo Bolsonaro. 

É preciso dizer, no entanto, de forma clara: a esquerda não deve, sob nenhuma circunstância, apoiar Guilherme Boulos. Ainda que seja negativa a vitória de um candidato de direita à prefeitura, será apenas mais do mesmo que São Paulo já vem sofrendo há anos. A vitória de Boulos, por outro lado, será um avanço na operação do imperialismo de procurar sabotar a esquerda no Brasil, impulsionando uma esquerda pró-imperialista e identitária. Boulos é a representação da defesa da censura, do ambientalismo anti-desenvolvimentismo, da desindustrialização do país e de todos os planos que o imperialismo tem para o Brasil.

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