Nas últimas semanas, a África tem sido marcada por uma série de golpes militares, principalmente nos países do Sahel, uma região que enfrenta há muitos anos a opressão do imperialismo. Esses golpes têm um caráter anti-imperialista, visto como uma resposta às interferências externas nas políticas internas dessas nações.
Primeiramente, é crucial considerarmos o histórico de exploração e ingerência das potências estrangeiras na região ao analisarmos os golpes de estado no Sahel. O imperialismo deixou marcas profundas na África, e o Sahel, rico em recursos minerais e agrícolas, não escapou dessa opressão.
Em países como Mali, Chade e Guiné, os militares afirmam que seus golpes visam à defesa da autodeterminação e à resistência contra a ingerência estrangeira. Esse argumento encontra eco em uma parcela significativa da população, insatisfeita com a dominação de seus governos por interesses externos. O surgimento de movimentos anti-imperialistas dentro das forças armadas tem sido impulsionado pela crescente insatisfação com lideranças consideradas subservientes a poderes imperialistas.
Nesta sexta-feira (4), o novo governo do Níger anunciou a suspensão de todos os acordos de cooperação militar com a França, rejeitando qualquer tipo de intervenção militar estrangeira no país. Foi também anunciado um decreto que determina a retirada dos embaixadores da França, dos Estados Unidos, do Togo e da Nigéria.
Esses golpes têm sido liderados por oficiais militares insatisfeitos com a presença de tropas francesas e americanas em seus territórios, além das crises econômicas persistentes que têm afetado suas nações. Parece estar em curso uma segunda fase na busca pela independência e soberania nacional desses países, e esses movimentos têm recebido apoio popular significativo.
A presença de tropas estrangeiras tem sido um ponto de conflito e tensão na região. A luta anti-imperialista tem ganhado popularidade à medida que as missões francesas no Mali têm se mostrado ineficazes no combate ao terrorismo. A opinião pública, não apenas no Níger, mas também em países vizinhos, tem buscado alternativas para se libertar da influência ocidental e do colonialismo, com a Rússia emergindo como uma possível opção.
O Níger, país de vasta extensão territorial e recursos naturais como urânio, ouro e petróleo, ainda enfrenta um cenário de pobreza generalizada. Apesar da riqueza desses recursos, grande parte da população vive abaixo da linha da pobreza, com uma renda per capita muito baixa. A economia do país ainda se sustenta principalmente na agricultura de subsistência e em uma pequena indústria de algodão e tecelagem.
A dominação econômica da França sobre suas ex-colônias na África, incluindo Níger, Mali e Burkina Faso, tem sido perversa. O controle financeiro exercido pela França por meio da Comunidade Financeira Africana (CFA) tem gerado imensas vantagens para o país europeu. As reservas dessas nações africanas devem ser mantidas no Tesouro Francês, e as desvalorizações do CFA têm impactos negativos nos países que o utilizam. Essa situação tem sido criticada, como o presidente do Chade, Idriss Déby Itno, que defende o rompimento com o domínio econômico francês na região.
Os golpes de estado têm sido uma resposta enérgica à presença estrangeira. É preciso lembrar que o combate ao imperialismo não é uma tarefa exclusiva dos países africanos. É uma luta global pela emancipação dos povos. Portanto, a solidariedade internacional é essencial para apoiar os esforços dessas nações em sua busca por autonomia e progresso.