Na tentativa de buscar alternativas à crise na qual está imerso, muito em função das rebeliões que ocorrem nos países que outrora estavam sob sua órbita de influência, o imperialismo mundial, mas sobretudo o norte-americano, se movimenta para, pelo menos, minimizar os efeitos do impacto causado pelo reordenamento das relações internacionais. É como um náufrago em alto mar olhando para os lados – na imensidão do oceano – sem encontrar perspectivas de salvamento.
São diversos os sintomas da crise de dominação pela qual passa o imperialismo, em todas as regiões do planeta. Na América Latina (Cuba, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Brasil, Argentina); no continente africano (crise e rebelião das ex-colônias europeias; Egito, Líbia, etc); na Ásia (China, Índia, Afeganistão, Coréia do Norte, Indonésia, etc); na Europa (Rússia e até mesmo aliados tradicionais [Alemanha, França] esboçam reações à política da Casa Branca); no Oriente Médio (Irã, Catar, Síria, Palestina, etc). Em todos esses países parece existir um desejo comum, qual seja, livrar-se das amarras impostas pelo tacão de ferro do imperialismo.
A mais recente investida dos norte-americanos em busca de um bote salva-vidas não poderia ser mesmo outra senão um golpe, uma manobra ardil, nada muito diferente do que sempre fez para manter sua hegemonia no terreno geopolítico e militar. A trama da vez consiste em ampliar o controle sobre a Organização das Nações Unidas (ONU), sobretudo sobre o Conselho de Segurança do organismo. Como é sabido, são cinco os países que são membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra), os únicos com poder de veto sobre as decisões adotadas pela ONU. Se um dos cinco votar contra alguma decisão, essa não será implementada.
Os EUA estão apresentando uma proposta de “reforma” do Conselho de Segurança; no entanto – como não poderia deixar de ser, pois agiram assim desde sempre – com condições exclusivamente vantajosas para si. Os americanos pretendem subjugar e submeter o Conselho de Segurança, instrumentalizando-o em favor de sua política externa (expansionista, beligerante e agressiva) para manter o domínio global. A estratégia para alcançar esse objetivo é relativamente simples. Washington quer incorporar países leais à Casa Branca na organização para garantir apoio às iniciativas dos EUA e, assim, fazer com que esses membros do Conselho de Segurança votem a favor da anulação do veto imposto, primeiro pela Rússia e depois pela China, contra seus planos sinistros e suas arbitrariedades.
Por sua vez, no teatro de operações europeu, a Alemanha pleiteia tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança, inclusive com poder de veto. Os alemães justificam a legitimidade da entrada no órgão máximo de segurança das Nações Unidas em razão do volume de recursos que aportam para as atividades da ONU. Todavia, as aspirações alemãs esbarram na oposição da França (membro permanente), da Itália e também da Espanha, que não desejam ver crescer a influência alemã na Europa.
Como se vê, as potências ocidentais se movimentam exclusivamente em função dos seus próprios interesses, buscando alcançar seus objetivos egoístas. E tudo isso para o que exatamente? Simples: Neutralizar a Rússia e a China, o que, se assim vier a acontecer, permitirá uma sobrevida aos intentos belicistas do imperialismo (norte-americano e europeu); de controle sobre a geopolítica internacional, aprofundando ainda mais as ameaças de uma hecatombe mundial.