A imprensa golpista ataca Lula diuturnamente. Um dos problemas com a articulação da campanha golpista, no entanto, é que deixa escapar as reais intenções motivadoras dos ataques. Como se diz: entrega o ouro. O Estado de S. Paulo, em editorial, revela uma vez mais seu compromisso com a destruição do Brasil, e o esmagamento do povo brasileiro, abertamente.
O artigo, intitulado “A Vale nos devaneios de Lula”, se destina à campanha contra a indicação de Guido Mantega para a presidência da Vale. Hoje privatizada, será necessário uma maioria de votos dos acionistas para emplacar o economista. O Estadão afirma: “é certo que Lula quer a empresa a serviço de seus delírios desenvolvimentistas”. A Vale foi fundada como Vale do Rio Doce para servir de base para o desenvolvimento da indústria nacional na era Vargas em 1942. Aparentemente, porém, o desenvolvimentismo com a Vale seria um delírio segundo o jornal burguês, que segue:
“Lula quer ter poder de decisão na Vale pelo mesmo motivo que mantém apertadas as rédeas da Petrobras: pretende usá-la como motor do projeto desenvolvimentista que, segundo as promessas de seus ideólogos, fará o País decolar na base de investimento dirigido pelo Estado. Não deu certo antes e não há razão para suspeitar que dará certo agora, mas Lula é teimoso.”
Ora, a Petrobrás foi um motor para o desenvolvimento no período anterior ao golpe de 2016. Os investimentos em todas as áreas, inclusive culturais, o fomento à indústria petroquímica, com combustíveis, fertilizantes e mais, o fomento à indústria naval, a publicação em seu editorial nega fatos concretos e recentes sem qualquer consideração com a realidade. Isso se demonstra pelo próprio texto do Estadão!
“Há cerca de 15 anos, durante o mandato de Roger Agnelli na Vale, a pressão de Lula, em seu segundo governo, foi capaz de fazer a mineradora investir bilhões de reais no setor siderúrgico, segmento do qual a empresa havia se afastado. Agnelli, executivo concentrado no lucro, que havia contrariado Lula na crise econômica mundial de 2008 ao demitir 1.300 funcionários, teve de engolir a ideia de construir indústrias para a fabricação de aço. Lula defendia que a Vale exportasse produto acabado e não minério de ferro.”
Até aí, vemos o órgão do imperialismo atacar abertamente o desenvolvimento nacional, contra a siderurgia e a complexificação da indústria nacional e a melhora na balança comercial do País, e defender demissões em massa. No entanto, o Estadão ao final do mesmo parágrafo oferece o motivo que caracterizaria tais feitos como um fracasso: “As duas usinas construídas foram vendidas após as gestões petistas.” Pois, o golpe de Estado de 2016, lançado pelo imperialismo contra o Brasil, para pôr o País de joelhos, e apoiado pelo Estadão, buscou destruir a siderurgia nacional. Portanto, o desenvolvimento dessa siderurgia seria negativo. Que bela justificativa!
O posicionamento desonesto do Estadão persiste. Realiza ataques ao desenvolvimento da indústria naval brasileira, sem detalhar os processos que geraram os problemas apontados e levanta a velha cantilena da “corrupção”. Assim, o jornal defende a importação de navios, ao invés da fabricação dos mesmos em solo nacional, gerando desenvolvimento, emprego e renda para os trabalhadores brasileiros. O impressionante da matéria é ter a coragem de publicar tais ataques ao povo do país em que tem sua sede. O veículo ainda defende a destruição da economia nacional, com a manutenção dos preços internacionais pela Petrobrás:
“os programas megalomaníacos de Lula, como também a manutenção artificial de preços de combustíveis da gestão Dilma. Ao que parece, Lula, em sua terceira passagem pela Presidência, vai repetir a dose, começando pelo anúncio da Petrobras, há dois meses, de que a política de paridade com os preços internacionais, adotada para salvar a empresa depois do desastre dilmista, foi abandonada.”
O aumento dos combustíveis repercute em toda a cadeia produtiva, gerando inflação em todos os setores, reduzindo o consumo e elevando mesmo os produtos essenciais para a sobrevivência da população, como alimentos, a preços estratosféricos. A redução no consumo a esse nível, sem a intervenção do Estado para quebrar a cadeia de eventos a partir de investimento, acarreta uma redução na produção, perda de empregos, redução da massa salarial, e uma espiral recessiva sobre a economia. A volta da fome nos anos do golpe se deu por esse fator. A destruição da indústria, juntamente a um rebaixamento salarial geral e demissões em todos os setores produtivos. A política do Estadão visa condenar à fome o Brasil, em nome de um sujeito oculto na matéria suja da publicação: em nome do capital financeiro, especulativo, que apenas parasita a produção.
A conclusão do artigo: “Lula mantém acesa a chama do atraso e, para tanto, valoriza todos os que corroboram suas fantasias”, soa como uma sátira. O atraso é abertamente defendido pelo Estadão ao longo de todo seu editorial, e demonstra que seu interesse se mede em dólares. Um jornal lacaio do imperialismo.