Desde a 5ᵃ feira passada, quando foi assassinado um policial da ROTA no Guarujá (SP), a tropa vem provocando um banho de sangue. A tropa de elite da Polícia Militar paulista, desde o final da semana passado, realiza uma operação prevista para durar 30 dias, a Operação Escudo, que em poucos dias já deixou pelo menos 16 mortos (segundo a Secretaria de Segurança Pública). Em meio a denúncias e vídeos de torturas e execuções a esmo, um fato do início deste ano: um ex-comandante da tropa mais carniceira do principal estado do País foi nomeado para comandar a Força Nacional de Segurança pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
Ainda em janeiro, o comando da Força Nacional, subordinada diretamente ao ministro da Justiça, foi entregue a Fernando Alencar Medeiros, ex-comandante-geral da PMESP durante o governo João Dória, entre 2020-2022, e ex-comandante do 1º Batalhão de Polícia de Choque – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA). As chacinas que hoje estampam os jornais são a melhor ilustração da tropa que, naturalmente, se reflete em seu comando. Naquele mês, a função da tropa era garantir a ordem na Esplanada, após a manifestação do 8 de janeiro.
Enquanto aprova um pacote “da democracia” e impulsiona a lei da “verdade” nas redes, o ministro Flávio Dino tem já em seu rol de méritos tal indicação. Alencar foi comandante da Rota entre o ano de 2016 e maio de 2017, período no qual a tropa operou da maneira padrão.
O grupo de elite foi criado com o objetivo de combater a oposição à ditadura militar, e ficou notório como esquadrão da morte nas décadas de 1970 a 1990, até pela violência de seus crimes, em que a tortura se fez comum. Houve ainda grande destaque pelo livro “Rota 66: a polícia que mata”, do jornalista Caco Barcellos. A simples continuidade da existência da Rota é em si um ato ditatorial, e protagonizou o Massacre do Carandiru, e uma série de outros feitos, até a chacina que ocorreu nos últimos dias.
O ministro da Justiça, supostamente preocupado com a democracia, não estabeleceu um programa para suprimir as chacinas cometidas pelos agentes do Estado a nível nacional. Ao contrário, propõe leis que aumentam as penas, aumentam a repressão, sem colocar em questão nenhum dos elementos da real ditadura que se abate sobre os trabalhadores, por meio das mãos do judiciário e das polícias. Pior, o ministro direitista é alvo de apreço pela esquerda pequeno-burguesa, resta ver se ela continuará endossando a defesa da democracia feita através do mesmo sistema que mantém encarceradas mais de 800 mil pessoas e praticou, essa semana, 3 chacinas: em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Os alvos da política repressiva de Dino são os trabalhadores, os mais pobres, justamente a base de apoio de Lula. É preciso estabelecer já uma campanha pela saída dos ministros burgueses do governo. São sabotadores que pressionam Lula à direita. As políticas impulsionadas por ministros como Flávio Dino não têm qualquer apoio popular, e são peça fundamental para desmoralizar o governo e preparar o novo golpe que se avizinha.