Neste fim de semana, a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), grupo de extermínio oficial do Estado, deu início a uma operação na Baixada Santista em retaliação à morte de um de seus agentes. A ação, que pode durar até 30 dias, contará com 3.000 agentes de diversos setores do aparato de repressão e promete localizar todos os envolvidos no homicídio do policial. O que isso implica? Até o momento em que escrevo esta matéria, a Polícia Militar de São Paulo já matou nove moradores da favela Baiana em Guarujá, e abertamente planeja realizar uma chacina, estão divulgando nas redes que matarão no mínimo 30 pessoas.
Esses moradores, ao contrário do que toda a imprensa burguesa divulga, que são criminosos, líderes do PCC, etc., na verdade, o delito que cometeram é terem nascido pobres.
A polícia tem assassinado aleatoriamente pessoas da região, não importando quem seja; estão matando sobretudo jovens e negros, sem a menor consideração.
Esse é o mundo em que a classe operária vive. Habitantes de um bairro pobre estão impedidos de sair de suas casas, com suas vidas ameaçadas, pois 3.000 agentes do Estado estão mobilizados para se vingar de quem quer que seja.
A população pobre brasileira, que é a maioria neste país continental, vive uma vida além de desgraçada. Vivem em bairros abandonados pelas prefeituras, sem assistência médica adequada, alimentando-se pouco e mal. Seus filhos não têm oportunidade de estudo ou lazer. E vemos uma esquerda totalmente submissa à política da burguesia; ou seja, a atual esquerda ignora totalmente todos os problemas da população e está preocupada em pedir mais punições.
Punição para quem diz uma palavra que não pode ser dita, mais penalização para quem critica as arbitrariedades da justiça, mais repressão para quem se expressa. Essa esquerda acha que o mundo todo é a uma Vila Madalena, Pinheiros ou Butantã.
Nenhum morador da favela, de fato, vai se atrever a pedir mais repressão; eles já vivem isso no dia a dia com a polícia. E nenhum dos problemas deles está minimamente resolvido; ao contrário, dia sim, dia não, alguém precisa carregar nos braços uma criança morta por “bala perdida” da polícia.
Nesse mundo cor de rosa da esquerda pequeno-burguesa, não há luta de classes, não há arbitrariedades, não há a necessidade do armamento da população para se defender dos seus algozes, não há necessidade de se expressar abertamente, de se organizar, de fazer greve; enfim, o mundo é lindo e harmonioso assim como um filme da Barbie.