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Beco sem saída

Israel irá sobreviver?

O Estado de Israel está em seu maior impasse histórico, cercado de um lado pelo imperialismo e de outro pelo levante armado dos árabes lutando por sua libertação

O Estado de Israel passa provavelmente por sua maior crise na história. Desde o ano de 2019 uma intensa disputa política acontece no país entre o atual primeiro-ministro Netanyahu e uma ala mais ligada ao imperialismo. O PM israelense depois de um ano afastado do governo venceu as eleições mas não conseguiu garantir de fato o poder. Manifestações de rua impulsionadas pelos EUA, uma disputa enorme com a Suprema Corte, e até mesmo uma possível revolta nas forças armadas desafiam o governo por dentro. Por fora os árabes e iranianos representam uma ameaça militar cada vez maior. Será possível que o bebe de proveta do imperialismo, que completou 75 anos em maio, sobreviverá por muito tempo?

O Estado de Israel atua como uma base do imperialismo no Oriente Médio desde a sua criação, principalmente desde a guerra de 1967. É um dos baluartes da opressão de toda a região, inclusive possuindo armas nucleares. Contudo o Oriente Médio não é mais o que era há 50 anos. O Irã, após 40 anos da revolução, se torna cada vez mais forte, as nações que antes eram totalmente alinhadas com os EUA tendem a se voltar para a China e para a Rússia. Os EUA não conseguem controlar o Iraque, não consegue controlar a Síria, não conseguem controlar o Iêmen e agora estão até perdendo um aliado dentro da OTAN, Erdogan. Nessa situação como Israel pode se sustentar?

Com o desenvolvimento da crise capitalista o primeiro-ministro Netanyahu começou a seguir um caminho próprio, de forma semelhante aos outros governos pró imperialistas da região como a Arábia Saudita. Os EUA então iniciaram uma enorme operação para colocar o governo sob seu controle, mas até agora não tiveram o sucesso. Contudo, mesmo que Netanyahu derrote essa investida do imperialismo, o que ele poderia fazer com uma Israel independente? É possível a existência do Estado de Israel sem que esse seja um completo lacaio do imperialismo? Os países do Oriente Médio aceitariam a existência desse Estado? É um impasse que parece não ter solução.

A crise gigantesca já levantou os ânimos das forças árabes, principalmente dos palestinos e dos libaneses. A resistência palestina se encontra em seu estado mais avançado em décadas. Não só o Hamas na faixa de Gaza como também uma nova frente de organizações, o Covil dos Leões na Cisjordania. Estes impuseram uma derrota humilhante aos sionistas no campo de refugiados em Jenin no último mês. Já na fronteira norte o perigo é muito maior. O Hesbolá atua de forma cada vez mais segura na fronteira, até faz provocações aos israelenses andando ao lado das grades na fronteira, publicando fotos dos oficiais israelenses. Os colonos do norte de Israel estão apavorados com a situação. Dizem que a sensação é exatamente a mesma da última guerra, isto é, que o confronto armado é iminente.

Mas a guerra hoje seria muito diferente. Os palestinos estão mais fortes, os libaneses estão mais fortes e o exército de Israel está em crise. As manifestações impulsionadas pelo imperialismo estão desestabilizando principalmente a Força Área com centenas de pilotos se recusando a servir o governo. É claro que uma guerra tenderia a unificar o país contra os árabes, mas o impacto da crise sobre as Forças Armadas não pode ser ignorado. Além disso o maior rival de Israel na região, o Irã, também possui Forças Armadas cada vez mais poderosas. No fim a bomba nuclear é a maior defesa do Estado de Israel, mas será o suficiente?

Se militarmente não é possível se sustentar será que existe a via diplomática? Foi o que fez a Arábia Saudita com o Iêmen. Ante a vitória certa do Ansar Alá os sauditas decidiram por um fim a guerra. Mas Israel não é o Iêmen, é um país fictício, uma ocupação europeia de terras árabes. Uma colonia tal qual as que existiam na África, e no processo de libertação nacional dessas colonias a esmagadora maioria dos brancos foram expulsos dos países. Mas ao contrário da expulsão dos brancos do Zimbábue por exemplo, a expulsão dos judeus seria o fim de Israel. Qual então seria a política de Netanyahu?

Nessa sinuca de bico, o governo de Israel não parece ter uma estratégia definida, ao que parece existe uma luta pela sobrevivência. Agora o pior inimigo é o imperialismo que sabota Netanyahu. Derrotando essa investida o primeiro-ministro poderá se voltar para tentativa de resolver a questão dos palestinos e do Hesbolá, seja de forma agressiva ou por meio de um acordo (algo que até agora parece quase impossível). Mas se o imperialismo for vitorioso a situação parece ainda pior. Israel será usado, tal qual a Ucrânia, até o fim como bucha de canhão. Esse é justamente o motivo que a burguesia israelense está ao lado de Netanyahu.

Ao que tudo indica a solução não será pacifica. Em algum momento o levante dos árabes pela libertação de suas terras se chocará com a existência do Estado de Israel. E como de costume uma monstruosidade criada pelo imperialismo terminará num banho de sangue. Foi assim na Armênia, foi assim em Ruanda, na Birmânia, durante a partilha da Índia e em muitos outros exemplos. A solução civilizada, de um único Estado onde vivem trabalhadores árabes e judeus não aparece no horizonte. Como sempre, apenas um partido operário poderia de fato levar a resolução dos problemas mantidos pelo imperialismo. Somente assim pode-se salvar não o Estado de Israel, que deve ser desmantelado, mas ao menos os trabalhadores judeus que hoje habitam a Palestina.

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