Em seu podcast Conversa com o presidente, Lula afirmou que “temos que fechar quase todos, só deixar abertos aqueles que são da Polícia Militar, do Exército ou da Polícia Civil. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro. Não é a sociedade brasileira”.
Infelizmente, somos obrigados a criticar a declaração pela gravidade e o perigo político que ela representa para o povo. Talvez Lula não tenha se dado conta que, ao dizer que somente a polícia deve ter armas, ele está defendendo nem a democracia, nem a paz.
Sua posição é anti-democrática porque prevê que o direito ao armamento deveria ser apenas do Estado, ou seja, da polícia e do militares. Lula esquece que as polícias e as Forças Armadas não são instituições neutras. São controladas pela burguesia e não qualquer setor da burguesia, mas o mais reacionário de todos.
Lula esquece que a esmagadora maioria dos policiais são base de apoio do bolsonarismo, assim como a esmagadora maioria das Forças Armadas.
A tradução correta para a sua colocação é: “apenas os bolsonaristas devem estar armadas, com todo o respaldo da lei”. Lei que será o mais dura possível contra qualquer cidadão que se atrever a ter uma arma em casa.
Acontece que a dureza da lei contra o cidadão quem vai garantir é a polícia. E isso não é nenhuma novidade. Não precisa de declaração do presidente da República para que a polícia endureça com o povo. Todos os dias, nos bairros, a polícia está lá para garantir que o povo seja oprimido e massacrado.
Essa situação não é democrática. A verdadeira democracia, no sentido burguês do termo, é que todos os cidadãos tenham direito a se armar, inclusive contra as arbitrariedades do Estado. Lula, infelizmente, acaba defendendo o contrário. Que o Estado tenha cada vez mais um poder arbitrário contra o povo.
E dito tudo isso, não precisamos explicar muito por quê o desarmamento do povo não é pacifismo. O brasileiro está para conhecer um órgão tão violento quanto a polícia.
Polícia é sinônimo de violência. Quanto maior o poder da polícia, maior a violência contra o povo. O direito ao armamento, pelo contrário, é uma ainda que muito pequena chance do cidadão proteger-se contra a violência da polícia.
Vejam só, aqui não é um problema, como afirma Lula, de querer fazer uma revolução. É simplesmente um problema de direitos democráticos, de não defender que a polícia tenha total monopólio das armas para usá-las contra o povo.