Lideranças do Movimento Coletivo de Moradia Popular (MCMP) denunciaram a este Diário Causa Operária (DCO) a severa repressão que sofreram após ocuparem um prédio do Departamento de Arquivos e Protocolos (DAP), “abandonado há oito anos”, segundo os moradores. Localizado no Centro de São Paulo, o edifício fora ocupado na sexta-feira (21), mas hoje (24) pela manhã, tropas da Polícia Militar invadiram o local, sem aviso, autorização judicial ou qualquer resquício mínimo de legalidade para a ação, colocando mais de 40 famílias na rua.
“O prédio tem uns 80 anos, com pilhas e mais pilhas de documentação”, diz um dos moradores ouvidos pelo DCO. “A gente viu documentação de militares, coisas da Ditadura, da Revolução Constitucionalista de 1932… é literalmente uma caixa preta. Lá dentro tem mais de sessenta prateleiras lotadas de documentos, todos estão completamente no mofo e abandonados.”
O morador prossegue em seu relato destacando a pressa da PM em retomar o controle do prédio. “Eles reintegraram sem ação judicial alguma e logo em seguida, começaram a selar o prédio. Estão mais preocupados com o patrimônio particular do que com a vida dessas pessoas. São quarenta famílias hoje na rua por causa da arbitrariedade da Polícia Militar do Estado de São Paulo”, conclui.
“Eles [os PMs] estão loucos aqui, jogaram gás na portaria”, diz relatou o morador expulso, que denuncia ainda a detenção dos líderes do movimento. São eles Lucas Rosemond, presidente do MCMP e Luana, coordenadora do movimento. Após a desocupação, moradores fizeram um protesto e aos gritos de “queremos moradia”, exigiam voltar ao prédio abandonado, já então cercado por PMs.
A repressão à luta por moradia é um grave atentado aos direitos mais elementares dos trabalhadores: o de ter onde viver. Com o avanço da crise econômica, muitas famílias operárias têm enfrentado uma cruel realidade de despejos forçados, violência e criminalização por simplesmente buscarem um local digno para viver. Para se defender de ofensivas como as demonstrada nessa matéria e diversas outras que se multiplicam, é urgente que os movimentos de luta por moradia também se radicalizem e organizem comitês de defesa, para impedir a truculência do aparelho de repressão do mesmo Estado que lhes nega o direito a moradia, e também para garantir que as famílias operárias tenham onde morar.
Abaixo, alguns registros feitos pela reportagem do DCO: