Mais de 500 pessoas participaram, no último domingo (23), de protesto na cidade de Volta Redonda, contra a criminosa poluição que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) vem provocando na cidade.
Pela manhã, os manifestantes se concentraram na Praça Brasil, no bairro Vila Santa Cecília, de onde partiu uma passeata, com cartazes que protestavam contra as toneladas de pó preto que CSN lança diariamente no céu da cidade.
Dois dias antes do ato, a direção da CSN anunciou por meio de nota que recorreu à justiça para tentar impedir a manifestação, afirmando que teria apresentado provas de que um “grupo pequeno e isolado” havia planejado ações de vandalismo na cidade.
O ato expressou a revolta da população trabalhadora da “cidade do aço” pelos pesados ataques que a empresa – privatizada há cerca de 30 anos – vem desfechando contra a população local. Ainda que de forma tímida – pelo controle – dos que se colocaram à frente da atividade, que procuram dar ao evento um caráter claramente eleitoral. Como em qualquer manifestação controlada por setores conservadores e oportunistas, os “organizadores” impediram que dirigentes e militantes de partidos de esquerda presentes falassem e deu voz a elementos pequeno-burgueses que, com certeza, vão fazer da “luta contra a poluição” uma bandeira eleitoral.
Uma história de destruição
Depois de receber a empresa “de presente”, por meio da privatização fraudulenta durante o governo Itamar Franco (MDB), em 1993, pelo preço de alguns meses do seu faturamento e com financiamento público, o banqueiro Benjamin Steinbruch e consorciados, demitiu cerca de 2/3 dos funcionários da Companhia: de cerca de 27 mil (mais de 15 mil do setor operacional) sobraram menos de 9 mil, em grande parte terceirizados.
A cidade erguida em torno da empresa, sofreu com as demissões em massa (que atingiu outros setores) e com o brutal rebaixamento dos salários. Os metalúrgicos de Volta Redonda estão entre os mais mal pagos do País e todo tipo de opressão contra os operários e toda a região.
Os barões da privatização, tendo à frente o banqueiro Benjamin Steinbruch mesmo ganhando rios de dinheiro com a “negociata” transferiu todos os seus meios de negócios para o centro de São Paulo, abandonando o Escritório Central, que já fui símbolo de construção moderna, central de negócios, tecnologias e pesquisas; referência histórica do país. Eles também fecharam espaços de lazer e áreas sociais e de assistência aos operários e familiares.
Com o apoio do sindicalismo pelego, principalmente da Força Sindical, os patrões trataram de reprimir e destruir a organização sindical da categoria, quase levando o Sindicato à falência material e política.
Nas últimas semanas, a cidade de Volta Redonda voltou a ganhar destaque na grande imprensa capitalista, por conta das quase 20 multas ambientais que a empresa tomou, das quais recorre, não paga, e segue com sua política criminosa que já levou milhares de pessoas a adoecerem gravemente por doenças respiratória e há centenas de mortes.
A empresa mantém uma atitude predatória, e está poluindo também os mananciais de água que abastecem a população .
Classe Operária
A classe operária local, tendo à frente os metalúrgicos, é a maior vítima desses ataques e também o setor com maior potencial de luta – em unidade com outros setores populares, como já foi comprovado na história da cidade.
Por falta de uma iniciativa dos sindicatos e da esquerda, esse setor combativo era minoria no ato e o mais desorganizado; o que facilitou que setores da classe média dominassem a manifestação.
Assim, ao contrário de apontar uma perspectiva de ampliar a luta com os métodos próprios e eficazes da classe operária, o que se viu foi – principalmente – o lamento e as inúteis súplicas à direção criminosa da CSN.
O espírito combativo de certos setores da juventude e da classe operária que aponta para a construção de uma grande mobilização que organize um enfrentamento, uma luta geral de toda a cidade contra os privatizadores foi contida, mas ficou evidente.
Sinalizando essa tendência os militantes do PCO e do Comitê de Luta distribuíram mais de mil panfletos e boletins Luta Metalúrgica, dos companheiros da Corrente Sindical Nacional Causa Operária, defendendo a necessidade de uma ampla campanha que tenha como eixo levantar uma verdadeira mobilização não apenas contra os crimes ambientais da empresa mas pela reestatização da CSN! Sob o controle dos trabalhadores e a encampação do seu patrimônio social da empresa ao Município, para atender à população trabalhadora. Na atividade também foram vendidos cerca de 200 jornais Causa Operária.
Para impulsionar essa perspectiva de luta, que se expresse em todos os terrenos, sob a liderança da combativa classe operária da cidade, é preciso criar e fortalecer os Comitês de Luta, organizando atividades nos bairros operários, entre os trabalhadores e a juventude.