“É interessante como as sociedades perderam a noção do que é um Estado de Direito”, disparou Rui Pimenta sobre o fato de que o ex-presidente norte-americano Donald Trump será julgado exatamente seis meses antes das próximas eleições. O processo contra alguém como ele, que já foi chefe de Estado e é o candidato natural do Partido Republicano para 2024, “deveria ser feito com a maior transparência possível, não poderia dar margem alguma para que fosse acusado de ser um processo persecutório”. As declarações abriram o programa Análise Internacional, que vai ao ar todas as segundas-feiras, no canal do Diário Causa Operária.
Segundo Rui Pimenta, o processo é semelhante ao que está em andamento contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. O adversário de Lula em 2022 se tornou inelegível por um expediente profundamente antidemocrático e burocrático do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O comandante Robinson Farinazzo, convidado permanente do Análise Internacional, concordou que o processo é político: “eu acho que é uma disputa interna de quem vai ficar com o poder, mas que não tem nada a ver com a sociedade norte-americana”. “Mas tem um detalhe”, alertou Robinson: “se jogarem mais gasolina, o caso Trump pode ser a faísca que precisava para os Estados Unidos entrarem em uma convulsão”.
Passado o caso Trump, os dois analistas do programa passaram então a comentar a vinda de Victória Nuland, subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, ao Brasil. Ela teria supostamente vindo para discutir as eleições venezuelanas.
“Primeiro a gente tem que lembrar quem é Victoria Nuland”, declarou Robinson Farinazzo. “Ela foi um dos atores principais da chamada Revolução do Maidan”, continuou o comandante, referindo-se ao golpe de Estado em 2014 na Ucrânia. O analista ainda lembrou que Nuland admitiu a existência de laboratórios de armas biológicas norte-americanos instalados na Ucrânia.
Para Rui Pimenta, ainda não ficou claro qual o plano da subsecretária no Brasil. No entanto, destacou concordar com Robinson: “é a personificação da política imperialista agressiva dos Estados Unidos”. “Eles mal disfarçam o que estão pensando, eles mal disfarçam o caráter violento da política deles”, continuou. O presidente do PCO ainda lembrou que a visita de Victoria Nuland se dá após uma série de artigos ameaçadores escritos por órgãos de imprensa ligados às agências de inteligência norte-americanas, como é o caso do think tank Global Americans.
Outro assunto comentado por Rui Pimenta foi a crise em Israel, agravada neste momento pela decisão defensiva do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de realizar uma reforma para diminuir poderes da Suprema Corte. O imperialismo, por sua vez, tem dado declarações cada vez mais agressivas e estimulado mobilizações de rua contra o governo.
“Isso mostra que essas Supremas Cortes no mundo inteiro, com exceção, talvez, da Venezuela, são um instrumento do imperialismo e do capital estrangeiro”. Segundo Rui, trata-se de “uma coisa que os norte-americanos inventaram e que se transformou numa arma do capital estrangeiro”.
Robinson Farinazzo também aproveitou para criticar a hipocrisia do imperialismo em relação aos palestinos: “é saudável que eles estejam combatendo a política do Netanyahu com relação aos palestinos. Mas eles não estão fazendo isso por amor à causa palestina. O sistema está fazendo isso para tirar o Netanyahu. Assim que eles colocarem alguém de seu agrado, a repressão aos palestinos vai continuar”.
Vários outros temas foram tratados ainda na mesma edição do programa, como o fracasso total da contraofensiva ucraniana e a escalada de tensões entre a China e os Estados Unidos. Para ficar por dentro de tudo o que aconteceu no giro de notícias internacionais desta semana, assista ao programa na íntegra.