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Ouro de tolo

Do que depende o “triunfo da democracia” no Brasil?

A luta da direita tradicional contra Bolsonaro colocou um enorme setor da esquerda pequeno burguesa a reboque da burguesia, algo que só pode levar a derrota dos trabalhadores

A esquerda pequeno-burguesa, agora que Bolsonaro está sofrendo um processo de perseguição da burguesia, se tornou ferrenha defensora da “derrota do bolsonarismo”. Os mesmos que durante 4 anos não movimentaram um dedo para derrubar o presidente ilegitimo, agora seguem não se mexendo, mas batendo palmas para o STF, a Rede Globo e toda a direita golpista tradicional que derrubou Dilma em 2016. Acreditam que eles, os maiores inimigos dos trabalhadores, agora são aliados contra o demônio Bolsonaro. É o clássico erro da frente ampla. É o caso de Marcelo Zero que publicou no Brasil 247 a coluna: “Triunfo da democracia brasileira depende da derrota do bolsonarismo”.

O texto começa defendendo o lacaio do imperialismo, ministro tucano indicado por Michel Temer, Alexandre de Moraes: “A agressão ao Ministro Alexandre Moraes e a sua família demonstra que o bolsonarismo continua a ser uma séria ameaça à democracia brasileira e à civilidade.” O autor coloca o STF como um baluarte da democracia que está sendo atacado por forças anti democrática, um erro crasso. O STF é muito mais ditatorial que Bolsonaro, todas as medidas mais autoritárias do ex presidente foram tomadas em conluio com o STF, depois este ganhou cada vez mais força criando uma verdadeira ditadura no país. O judiciário, por meio do STF, se colocou acima do Congresso e até mesmo do poder executivo em certos aspectos. Uma revolta contra o ministro é mais do que legitima.

O texto então afirma que “É preciso considerar que o bolsonarismo é uma forma de neofascismo. Sei que muitos relutam em usar esse conceito, dadas às singularidades históricas do fascismo e do nazismo. Mas, em sentido lato, o bolsonarismo tem inquietantes similitudes com aqueles fenômenos políticos históricos.” De fato, o bolsonarismo tem muitas semelhanças com a extrema-direita das décadas de 1920 e 1930. Uma delas é que ele só ganha força quando de fato é apoiado pelo principal setor da burguesia, como foi em 2018. Quando isso não acontece, ele não se manifesta como a ditadura de Mussolini, mas como o Hitler de 1923, que tentou dar um golpe e foi preso pela justiça burguesa da época. 

O interessante é que naquele momento a burguesia alemã não queria Hitler no governo, deixou que ele fosse preso. A perseguição aumentou muito a sua popularidade, principalmente por meio de seu livro “Minha luta”. Cerca de 10 anos depois, quando a crise voltou e a burguesia viu que ele era necessário, ela não exitou. O nazista que em 1923 foi preso por tentar tomar o poder foi alçado ao governo da Alemanha. Os mesmos “democratas”, a direita civilizada da época, que haviam apoiado sua prisão, foram os que o colocaram no governo. Mas essa parte da história do fascismo os guerreiros antibolsonarismo não gostam de lembrar.

Ele continua: “E o bolsonarismo já demonstrou sistematicamente que não tem compromisso algum com a democracia e suas instituições. Ao contrário, seus confessados e públicos compromissos são com as intervenções militares, as ditaduras, a tortura, a violência, o golpismo, o armamentismo, o negacionismo científico, as mentiras etc.” Aqui a descrição usada para o bolsonarismo pode se aplicar perfeitamente ao STF. Em muitos sentidos o judiciário é ainda pior que Bolsonaro. É pior no golpismo, apoiou o golpe de 2016 contra Dilma, e de 2018 contra Lula. Impõe uma verdadeira ditadura, apoia os presídios brasileiros que são câmaras de tortura, etc.

Vale tudo para atacar o bolsonarismo, até mesmo esquecer que o PSDB, a direita tradicional, que detinha o controle do país nos anos de FHC e Temer é ainda pior que Bolsonaro. O presidente eleito em 2018 não conseguiu fazer nem um décimo do que fez o “grande democrata” FHC que destruiu completamente o Brasil. Temer, então, em dois anos, desfez tudo o que o PT fez em 13. A esquerda pequeno burguesa cai de patinho na campanha da imprensa burguesa, acreditando que Bolsonaro é o único inimigo dos trabalhadores que deve ser derrotado. É uma farsa.

O texto continua: “Mas a questão persiste; a democracia pode prevalecer sem que o bolsonarismo seja derrotado ou consideravelmente enfraquecido? Provavelmente, não. Disputar eleições não torna uma força política democrática. Hitler também disputou exitosamente eleições e se tornou muito popular. Foi assim que ele destruiu a democracia alemã, com a conivência dos partidos tradicionais da República de Weimar e da imprensa da época.” Aqui volta a comparação com Hitler que ignora que todos os “democratas” apoiaram a ditadura nazista quando a burguesia a considerou necessária. Bem como todos os “democratas” apoiaram Bolsonaro em 2018 no Brasil.

A “democracia” em abstrato, nada mais é do que o regime do imperialismo. Por isso o governo Temer, fruto de um golpe, era considerado democrático, já o de Maduro, que foi eleito, é considerado uma ditadura. Nesse sentido, a “democracia” dificilmente sobrevive com a existência do bolsonarismo, pois ele é uma força que passa por cima dos partidos democráticos tradicionais. O bolsonarismo desbancou o PSDB e seus satélites e o MDB, tomou controle de grande parte do regime político, tem a maior bancada no Congresso, os governadores dos principais estados. Agora a “democracia” reage, tentando reganhar sua força. Mas nessa disputa não está o interesse dos trabalhadores, é uma disputa entre dois setores da burguesia. 

Os trabalhadores não almejam pela “democracia”, eles almejam um governo próprio, um governo dos trabalhadores. Nesse sentido, a vitória de Lula foi um grande passo nesse caminho. Mas agora não é necessário aumentar a força da direita institucional, que no futuro certamente se voltará contra o governo Lula, é preciso aumentar a força dos trabalhadores. Derrotar não só o bolsonarismo, mas toda a direita. E para isso é preciso usar os métodos dos trabalhadores, a luta nas ruas, levada adiante por meio das organizações populares. Os sindicatos, os partidos de esquerda, movimentos populares etc.

O texto conclui: “O triunfo da democracia brasileira depende da derrota do bolsonarismo.” Os trabalhadores, no entanto, não querem a democracia de Temer e de FHC, querem um governo que seja seu. Um governo Lula que de fato consiga governar em sua defesa, que garanta grandes conquistas. Para isso nenhum setor da direita pode ser considerado aliado, esses são os mesmos que sabotam o governo do presidente, para isso apenas a mobilização popular é o caminho. 

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