Nas intervenções na plenária final do 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), as organizações da juventude da esquerda filoimperialista – Faísca/MRT, UJC/PCB, Rebeldia/PSTU, Juntos/MES/PSOL e RUA/PSOL – pediram, por diversas vezes, que o dia dos estudantes, celebrado no dia 11 de agosto, fosse um dia de manifestações contra o arcabouço fiscal “do governo Lula-Alckmin”. Isto é, que, no dia dos estudantes, a juventude saísse às ruas contra o governo de esquerda, eleito há pouco mais de seis meses em meio a uma grande mobilização popular.
A proposta não foi aprovada. Acabou prevalecendo a proposta encampada pela chapa majoritária, composta pelas juventudes do PT e do PCdoB, que propuseram um dia de luta contra contra o Novo Ensino Médio. Uma proposta bem mais razoável, visto que se trata de um tema diretamente ligado à juventude e um tema que não volta necessariamente suas baterias contra o governo.
O arcabouço fiscal, uma proposta bastante moderada do governo Lula para minimizar o estrago causado pelo Teto de Gastos do governo Temer, e o marco temporal das terras indígenas, uma proposta reacionária aprovada pela Câmara dos Deputados. Transformar as duas questões em um pretexto para a mobilização contra o governo é uma vigarice total. No primeiro caso, do arcabouço fiscal, trata-se, de fato, de uma medida proposta pelo governo, mas que foi desfigurada pelo parlamento e cujo caráter moderado se deve às dificuldades do governo. Não é, nem de longe, uma tentativa de “salvar” o Teto de Gastos, mas sim de uma tentativa tímida de acabar com ele. Ainda que moderada, é uma proposta progressiva.
O caso do marco temporal é ainda mais aberrante. O governo é contra o marco temporal. Em nenhum momento, Lula deu a entender que seria a favor. No entanto, o alvo da esquerda filoimperialista, quando fala do marco temporal, não é o parlamento, e sim o próprio governo.