Entre os dias 12 e 16 de julho, aconteceu o 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), evento que costuma ocorrer a cada dois anos, mas que foi suspenso durante a pandemia de coronavírus. O Congresso reúne alguns milhares de estudantes supostamente para discutir política – o que, a princípio, seria muito positivo. No entanto, na prática, o Congresso é convocado pela direção da UNE apenas com o objetivo de se reeleger.
A União da Juventude Socialista (UJS), a juventude do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), controla a UNE há décadas. A UJS formou uma verdadeira burocracia em torno da entidade. Isto é, quem cotnrola a UNE, neste momento, é um grupinho de figuras que nada têm a ver com a luta dos estudantes e que se mantém no poder somente porque detém o controle sobre a máquina eleitoral.
Justamente por se consoldiar como uma burocracia, a UJS vem, a cada ano que se passa, se tornando mais impopular. A orgaização está completamente desmoralizada perante os estudantes. A UJS, na verdade, é odiada pela juventude. E é justamente por isso que precisa cada vez mais se valer de métodos burocráticos e antidemocráticos para eleger a sua direção.
É por isso que a 59ª edição do Congresso da UNE foi um verdadeiro show de horrores para quem está disposto a organizar uma luta contra a direita e contra o imperialismo.
Nos três primeiros dias, no Congresso propriamente dito, não houve nenhuma atividade central de discussão política. Os estudantes ficaram apenas circulando pela Universidade de Brasília (UNB), sem saberem direito o que fazer. Houve três atos, o que, a princípio, seria muito positivo, mas por seu caráter burocrático, acabaram sendo um desastre.
O primeiro deles foi um ato em defesa do Projeto de Lei 2630, o PL das Fake News, uma das medidas mais reacionárias que o Congresso Nacional já discutiu. O evento contou até mesmo com a presença do ministro do STF Luis Roberto Barroso. O segundo deles foi um ato que contou com a presença do presidente Lula, mas que acabou sendo minúsculo por causa da política de revista dos manifestantes, que nem mesmo com garrafas de água podiam entrar. A UJS, que queria aparecer como protagonista do evento, proibiu que todas as demais organizações entrassem com bateria.
Por fim, o terceiro ato de rua, que deveria ser contra o Banco Central Independente, acabou sendo tudo, menos um ato pelo Fora Campos Neto. A UJS proibiu os pratidos políticos de falarem, inutilizando o carro de som. Ao mesmo tempo, as organizações da esquerda golpista usaram o ato para gritar palavras de ordem contra o governo.
Os dois dias finais foram os dias de votação. Mais uma vez, o PCdoB saiu vencedor, em meio a denúncias de fraude e praticamente sem discussão política nenhuma.