O editorial do jornal O Estado de São Paulo deste domingo (16), intitulado “O Brasil perde quando o desenvolvimento ganha”, deixa às claras o que pensa o imperialismo e a burguesia local liga ele sobre os destinos do país em matéria de política econômica.
O editorial é interessante porque nele estão contidos uma espécie de resumo da concepção política e econômica do imperialismo sobre o Brasil.
O “desenvolvimentismo”, para essa imprensa, é um inimigo a ser combatido. O jornal critica a declaração do presidente Lula, proferida na primeira reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), em defesa do “desenvolvimentismo” contra o “financeirismo”. Para Lula, “os financeiristas ganharam, e o Brasil perdeu”, e agora “está na hora de o desenvolvimentismo ganhar”.
O próprio Estadão explica o que entende por “desenvolvimentismo”: é a concepção que “se baseia na premissa de que a indústria tem um papel diferenciado em relação a outros setores, o que justifica uma parafernália de intervenções “estratégicas” do Estado na economia para favorecê-la”. Pois bem. Para o jornal da família Mesquita, tal concepção é como a morte. Ao redor dela, o jornalão junta tudo o que considera de ruim no mundo: “dirigismo estatal”, “autoritarismo populista”, “ineficiência”, “patrimonialismo” e por aí vai.
Tempos bons, para O Estado de S. Paulo, foram os tempos de Fernando Henrique Cardoso na presidência. “No início da redemocratização, o Brasil era uma economia fechada, com forte desequilíbrio fiscal, que se traduziu na hiperinflação. O hiato veio com o governo FHC, que investiu no equilíbrio fiscal, na abertura econômica, nas privatizações e nas agências reguladoras”, diz o jornal. Ou seja, a era FHC foi um “hiato” positivo, que contrariou as tendências nefastas do desenvolvimentismo.
Temos aqui de maneira cristalina o pensamento do imperialismo e seus agentes no Brasil. O governo FHC, sinônimo de política neoliberal no Brasil, de entrega criminosa das estatais para o capital estrangeiro (as famosas “privatarias”), de ataques às condições de vida dos trabalhadores, de retirada de direitos trabalhistas, de repressão ao movimento sindical (basta lembrar da repressão à greve dos petroleiros, em 1995), de alastramento monstruoso da miséria e da pobreza no país ― o governo FHC é até hoje um modelo a ser seguido, segundo essa imprensa que está a serviço dos capitalistas estrangeiros.
Essa é uma imprensa que luta implacavelmente contra a indústria nacional. Mesmo iniciativas moderadas, como as do presidente Lula atualmente, no sentido de estimular alguns setores da indústria nacional, são ferozmente combatidas. Bom seria se o Brasil fosse uma colônia, se todos os ramos da sua atividade econômica estivessem controlados pelo “eficiente” capital norte-americano, inglês, francês, alemão ou japonês!
Órgãos de comunicação como O Estado de S. Paulo são instrumentos do imperialismo dentro do país. Constituem na prática uma imprensa estrangeira em solo nacional, e trabalham diuturnamente para defender os interesses dos seus senhores.
Já é possível notar que os ataques contra a política econômica de Lula na imprensa direitista, não só no Brasil, mas também fora, começam a aumentar. As contradições com o imperialismo tendem a aumentar, quer o próprio Lula goste ou não.