Na última segunda-feira (10/07), a ministra dos povos indígenas e integrante do PSOL, Sonia Guajajara, concedeu uma entrevista ao Jornal Valor Econômico para falar sobre a situação dos índios no Brasil, em particular sua posição sobre a tese do Marco Temporal.
E entrevista publicada pelo periódico golpista Valor Econômico possui um importante significado. Isso porque o Valor Econômico é um porta voz da burguesia golpista, e dos latifundiários, que sempre se coloca contra os interesses dos trabalhadores e oprimidos do país.
O grande destaque dado a entrevista e as afirmações de Sonia Guajajara é que a posição apresentada sobre a tese do Marco Temporal pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, e apoiada com entusiasmo pela ministra do MPI, agrada e beneficia o latifúndio contra os índios em todo o país.
Agrada aos latifundiários porque a tese do Marco Temporal vai ser aprovada pelo Congresso Nacional, facilitando a vida dos ministros do STF, mas valida uma posição que tranquiliza os latifundiários e grileiros de terras públicas, que é a indenização pelas terras (que hoje apenas é indenizado as benfeitorias) e a possibilidade de demarcação das terras indígenas em outros locais que não seja aquela tradicionalmente ocupada em disputa.
E mesmo com diversas organizações de índios e lideranças se opondo frontalmente a Tese do Marco Temporal e a proposta apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes, Sonia Guajajara apoia o voto do ministro e das consequências contra os índios das propostas apresentadas pelo ministro do STF.
“Eu continuo achando que o voto dele dá uma apaziguada na situação e evita a gente perder, né?”, disse Guajajara.
Ainda completou “Estou bem otimista com o Supremo. Nós estamos acreditando que ali nós vamos ter votos suficientes para, como disse Alexandre de Moraes, enterrar de vez o marco temporal. Tem agora aquela orientação do próprio ministro Alexandre de Moraes que fala do pagamento das indenizações da terra nua. Hoje não é permitido. Hoje, só são indenizadas as benfeitorias. Ele traz isso como uma forma de tentar equilibrar”.
Ao defender o voto de Alexandre de Moraes, Sonia Guajajara se coloca como porta-voz da retirada dos direitos dos índios em troca de uma falsa “pacificação” que somente beneficia os latifundiários.
E não é por acaso que está sendo financiada por organizações não-governamentais como a Open Society de George Soros e possui boas relações como no caso com o governador latifundiário do Mato Grosso do Sul, o tucano Eduardo Riedel.
Nada de “pacificação”, apenas mais ataques
A proposta apresentada pelo ministro Alexandre de Moraes apoiada pela ministra do MPI Sonia Guajajara não é uma forma de apaziguar, equilibrar e muito menos de pacificar a situação de violência, miséria e demarcações das terras indígenas.
Em primeiro lugar, o voto de Alexandre de Moraes é um golpe contra os índios porque o que está sendo apreciado é o Marco Temporal e não outras avaliações. O que está sendo julgado é a tese do Marco Temporal criada pelo mesmo STF em 2009 e que se encontra em vigor, e não a questão das indenizações. Um golpe de Alexandre de Moraes que cria ainda mais “versões” da lei e causa ainda mais confusão dentro do movimento dos índios.
Nesse ponto a ministra Sonia Guajajara também se cala!
Outro ponto é o contrário apresentado por Alexandre de Moraes e Sonia Guajajara, é a retirada de direitos dos índios brasileiros barganhadas através de indenizações milionárias, e até bilionárias que podem inviabilizar na prática as demarcações de terras. E ainda abre a possibilidade de “negociar” a mudança da área reivindicada pelos índios, retirando de terras de interesse econômico para os latifundiários e deixando os índios em terras ruins e sem aptidão agrícolas ou econômica.
Todos sabem que o Estado sempre foi controlado pela burguesia e pelos latifundiários que fizeram as leis e alteraram conforme seus interesses. Se o Estado concedeu títulos de terra dentro de áreas pertencentes aos índios, que resolvam seus problemas entre eles, e não que os direitos dos índios sejam retirados porque políticos financiados pela burguesia retiraram esses direitos e agora os índios tem que pagar o preço dessas negociatas.
A indenização das terras não podem ser um critério para a demarcação porque é o impedimento na prática das demarcações, sendo do interesse dos latifundiários.
É a retirada de um direito fundamental dos índios para beneficiar amplamente latifundiários e grileiros de terras. E que isso não deve ser negociado.