PCO bolsonarista?

Por que o PCO é a fixação da Revista Fórum?

A Revista Fórum atua dentro de um setor de esquerda, mas seu papel é favorecer justamente a direita tradicional, golpista, aquela que a imprensa capitalista chama de "civilizada"

Mais uma vez, a Revista Fórum calunia o PCO. Na quarta-feira (12), o portal editado por Renato Rovai publicou nova matéria atacando o partido: “DataFórum: PCO mantém a tradição e defende Eduardo Bolsonaro, que comparou professores com traficantes”.

A matéria afirma que “o Partido da Causa Operária, que se autodefine como marxista e revolucionário, fez novamente um giro em direção à extrema direita e saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro”. 

Sejamos diretos. O PCO não girou um milímetro em direção à extrema-direita e tampouco sua posição em relação ao caso envolvendo Eduardo Bolsonaro pode ser resumida num simples “saiu em defesa” do bolsonarista.

A posição que o PCO defende na questão da liberdade da expressão em particular e dos direitos democráticos em geral está consagrada desde a fundação do grupo que deu origem ao partido, em 1979. Para além disso, a defesa intransigente dos direitos democráticos não é simplesmente uma posição do PCO, mas da tradição à qual o partido se liga, a tradição revolucionária marxista. Nesse sentido, e só nesse, a Fórum tem razão: PCO mantém a tradição. 

É por isso que não há giro algum da parte do PCO. O partido permanece onde sempre esteve ― no campo da defesa das liberdades democráticas contra os ataques do Estado capitalista, defesa sem a qual é impossível levar adiante a luta pela revolução proletária e pelo socialismo.

O PCO, por meio de seus órgãos de agitação e propaganda, já explicou inúmeras vezes, especialmente num último período, quando a questão se tornou um tema candente da situação política, a natureza da defesa que faz dos direitos democráticos e, em especial, da liberdade de expressão. A lógica da coisa é razoavelmente simples, e até a Revista Fórum é capaz de entender.

Para o PCO, assim como para qualquer partido marxista, defender os direitos democráticos é uma questão de princípio. Isso significa, sobretudo, que tal defesa não está sujeita a critérios de ocasião. Como se trata de um princípio, ao defender o direito democrático de alguém, não se leva em consideração a vítima da ocasião. Se foi um bolsonarista ou um progressista a vítima da vez, isso não importa ― defende-se implacavelmente o direito atacado pelo Estado.

Um princípio não é uma orientação que caiu do céu. Ele é a generalização da experiência da classe operária e dos explorados em geral na luta pela sua libertação do jugo capitalista. A experiência histórica confirma que qualquer restrição aos direitos democráticos pelo Estado acaba, mais cedo ou mais tarde, sendo dirigida contra os trabalhadores e suas organizações. A restrição pode até começar sendo direcionada contra figuras da direita e da extrema direita, mas, ao fim e ao cabo, quem irá pagar o preço mais caro serão os trabalhadores e os setores populares. Trata-se de uma “lei da história”, como afirmou Trótski.

Eduardo Bolsonaro, figura da extrema direita, discursou num ato público e falou as bobagens e idiotices que os bolsonaristas costumam falar tão frequentemente. O PCO não concorda em nada com o que foi dito pelo deputado. O partido, aliás, conta com centenas de professores nas fileiras e tem há décadas uma atuação sindical e política dentro da categoria, tendo sempre em vista o combate em defesa das reivindicações históricas e imediatas dos profissionais da educação. 

O partido, no entanto, repudia e nada tem a ver com as movimentações concretas destinadas a punir e cassar os direitos democráticos do bolsonarista. Os direitos democráticos pertencem a toda a população, inclusive à sua porção bolsonarista, ou só a alguns? O PCO, de fato, não apoia as denúncias criminais contra o deputado, nem os pedidos de cassação do seu mandato parlamentar. Falar, expressar-se, ainda que tenha um conteúdo reacionário, é um direito democrático, e ninguém deve ser punido ou ter seus direitos restringidos por exercê-lo.

O PCO não defendeu simplesmente Eduardo Bolsonaro. Defendeu um direito democrático, a liberdade de expressão. Se o alvo da vez fosse, não um bolsonarista, mas uma figura de esquerda, teria adotado a mesma posição. Porque, lembremos a Revista Fórum, se trata de um princípio. 

Se, por exemplo, a Revista Fórum tivesse sido censurada por alguma decisão judicial, se tivesse sido proibida de publicar alguma matéria por ordem do Estado, o PCO adotaria a mesma posição que adota agora no caso Eduardo Bolsonaro. Se, por exemplo, um Sérgio Moro da vida, um Alexandre de Moraes da vida ou algum outro juiz tivesse determinado a proibição de veiculação da matéria “Homem com nariz comprido realmente têm pênis maior, confirma estudo japonês”, publicada pela Fórum no dia 22 de junho de 2023, sob a alegação ― absurda, diga-se desde já ― de atentado ao pudor, o PCO teria adotado a mesma posição que adota no caso em questão. Porque, repetimos, se trata de uma questão de princípio.

A Revista Fórum, nos últimos tempos, tem se destacado por uma certa fixação pelo PCO. Quando da tentativa de infiltração da direita golpista nos atos pelo “Fora Bolsonaro”, em 2021, foi ela quem assumiu a dianteira nas calúnias  ― algumas verdadeiramente bizarras, como a de que “o PCO” roubou celulares no ato  ― contra o PCO. Mais recentemente, é possível observar que quase toda semana a publicação solta alguma nota ou matéria contra o partido. No final de junho requentou matéria já velha com o título “O PCO é uma seita?”. Nas últimas semanas outras matérias contra o partido foram publicadas, todas elas sempre buscando fazer artificialmente a ligação entre o PCO e o bolsonarismo. 

Perguntamo-nos se a Revista Fórum estaria recebendo algo para inserir na sua rotina esses ataques grotescos e caluniosos contra o PCO. Ficamos, por enquanto, apenas com a pergunta. 

O que é certo, porém, é que a Revista Fórum vai se consolidando como um instrumento sujo a serviço daquela direita que foi a verdadeira protagonista do golpe de Estado de 2016. Composta por pequeno-burgueses carreiristas e oportunistas, a Fórum atua dentro de um setor de esquerda, mas seu papel é favorecer justamente essa direita. Defensora ardorosa da frente ampla e de uma aliança com a “direita civilizada” (expressão que a imprensa capitalista tem utilizado largamente), a Fórum parece estar sendo incumbida de destinar uma parcela de seu tempo e espaço às acusações contra o PCO. 

A influência do PCO cresce realmente. Tanto dentro da esquerda quanto fora dela. E a burguesia começa a mobilizar seus recursos para estancar esse crescimento. A Revista Fórum, certamente, é um desses recursos. 

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