Na manhã do dia 12/7 ocorreu o despejo de 22 ativistas que ocuparam o antigo prédio da tipografia Dondorf em Bockenheim, região central de Frankfurt, Alemanha. Os ativistas ocuparam o prédio com a intenção de evitar a demolição do prédio histórico construído no séc. XIX e bem localizado como parte do Campus da Universidade Goethe.
Para realizar o despejo às 6:45H da manhã os policiais se apresentaram em número superior e bem equipados: coturnos, coletes de proteção, capacetes, armas de fogo, caceteies e spray de pimenta. É como se estivessem preparados para um confronto maior, o que era de se esperar como reação da vizinhança local diante da ofensiva truculenta e anti-democrática que foi o despejo.
Leia mais: https://causaoperaria.org.br/2023/ativistas-ameacados-de-processo-apos-desocupacao/).
Já durante o despejo se formou uma manifestação espontânea com mais de 100 pessoas. Mais à noite para a manifestação convocada contra a ação policial e contra a demolição do prédio segundo os planos do Instituto Max-Planck o número de manifestantes salta para cerca de 400 pessoas segundo número oficial divulgado pela polícia local, e para 600 segundo os organizadores da manifestação.
A manifestação foi dissolvida na mesma noite sem grande repercussão na imprensa, exceto nas redes sociais dos organizadores e de apoiadores e simpatizantes do movimento.
São marcantes as denúncias de agressão por parte dos manifestantes, em relação às agressões realizadas por policiais. Seguem alguns exemplos publicados pela organização.
“Estamos fartos de ouvir falar constantemente de ferimentos por parte dos polícias. Os ferimentos dos manifestantes são na sua maioria: pontapés e golpes intencionais na cabeça e na virilha, contusões, concussões, etc. (1/2).
“Os paramédicos foram impedidos de fazer o seu trabalho, empurrados e feridos pela polícia! Ontem a polícia provou mais uma vez como lida de forma agressiva, ilegal e brutal com o ativismo de esquerda. Nós dizemos: que se lixe a universidade e que se lixem os polícias! #dieDruckerei (2/2)”.
Já o relatório policial relata as “agressões” contra os policiais bem preparados e protegidos: bastão de fogo de artifício usado atirado contra o policial que nem ficou ferido. Não escondem o uso da força bruta para impedir uma ação com uma resistência física adequada” e também “usar o bastão e impedi-los de invadir o recinto da universidade“ antes de “dispersar” o movimento.
Os policiais teriam ainda após a dispersão detido um jovem de 19 anos suspeito de ter atirado o bastão de fogo de artifícios, e soltado após encerrarem um processo penal contra o mesmo.
Instituições como a administração da universidade pública, a repressão policial, meios legais e a própria imprensa burguesa se mostram mais uma vez cumprindo a tarefa de não defender a organização popular que reivindica seus interesses mais básicos como moradia, bem-estar e liberdade.
É preciso uma organização mais robusta por parte da população que só os interesses de classe podem oferecer. O movimento justo iniciado em Bockenheim apontava para reivindicações classistas na voz da Gianna, por mais moradia e contra os preços abusivos e cada vez mais elevados de aluguéis, contra despejos e espaços sociais gratuitos e com administração autônoma, oferecendo uma grande chance de adesão por parte da vizinhança e da população em geral.
É preciso se afastar de vez dos argumentos identitários, alheios aos interesses da classe operária e não materiais que o próprio Instituto Max-Planck rebate com tranquilidade em sua página oficial como as questões climáticas, valores históricos, culturais e emocionais.