Desde fevereiro de 2022; portanto, a mais de 500 dias do início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia (OTAN) que o imperialismo percebeu a sua maior fragilidade diante dos constrangimentos impostos pelos seus inimigos, principalmente a partir do estabelecimento coeso do consórcio sino-russo (parceria geopolítica e estratégica entre China e Rússia) que iniciou com maior intensidade a cerca de uma década. Desde o golpe na Ucrânia em 2014 que a Rússia passou a responder com maior vigor os ataques indiretos do imperialismo. A derrubada pelo parlamento do então presidente da Ucrânia Yanukovich em fevereiro de 2014 fez com que a Rússia logo em seguida, isto é, março do mesmo ano, anexasse a república autônoma da Criméia, ratificada logo em seguida por um referendo popular.
O embate entre o imperialismo via União Europeia e a Rússia, que se acirrou desde 2013, devido a interrupção dos acordos comerciais entre o presidente da Ucrânia Yanukovich pró Rússia e os europeus impulsionou as “manifestações” nas ruas e a posterior derrubada do mesmo pelo parlamento no início de 2014. A resposta da Rússia de forma imediata anexando a Criméia já era um sinal inequívoco de vigorosos embates que viriam a seguir. A vitória de Donald Trump, a derrota no Afeganistão, a pandemia da Covid-19, a perda de legitimidade no Oriente Médio e em outros países da África e a derrota iminente na Ucrânia mostram a face mais nítida do declínio do imperialismo comandado pelos Estados Unidos.
Frente a esse contexto a guerra da Ucrânia tornou-se desde o início uma espécie de “última fronteira” da luta em defesa do imperialismo e seu sistema espúrio de expropriação e dominação sobre os países atrasados e a classe trabalhadora mundial. Desde o dia 24 de fevereiro de 2022 quando a guerra da Ucrânia começou até março de 2023 foram dispendidos. só levando em considerações os empréstimos e doações por parte do Banco Mundial cerca de 20 bilhões de dólares. Dos cofres dos Estados Unidos foram colocados a disposição da Ucrânia mais de 110 bilhões de dólares, levando em conta também a ajuda militar. O Fundo Monetário Internacional (FMI) a partir de março de 2023 aportou mais 15 bilhões de dólares. Significa, que oficialmente foram alocados cerca de 150 bilhões de dólares envolvendo essas duas instituições multilaterais do imperialismo e os próprios Estados Unidos até março de 2023; isso oficialmente. A União Europeia prometeu cerca de 9 bilhões de euros, mas ainda está em curso essa discussão desse aporte de recursos para a Ucrânia. Em grande medida esses recursos também estão sendo encaminhados para fomentar atividades que envolvem costumeiros golpes de estado ao redor do mundo, como no caso da insurreição na Geórgia recentemente.
O imperialismo aproveitou para dispender recursos na “onda” da guerra da Ucrânia e desviá-los, no sentido de fomentar ativistas na Geórgia contra a lei que exigiria que as organizações que recebessem 20% ou mais de sua receita anual do exterior se registrassem como “agentes estrangeiros” ou enfrentariam pesadas multas. São as famosas ONGs do imperialismo agindo infiltradas a partir da defesa de princípios inquestionáveis como meio ambiente, povos originários, educação inclusiva e democracia com direitos humanos, entre tantas outras pautas. A pressão nas ruas do país continuou mesmo após a retirada da apreciação da lei no parlamento através do partido governamental. O chefe da diplomacia russa Sergei Lavrov afirmou em entrevista a televisão russa que as manifestações na Geórgia foram muito semelhantes aquelas que insuflaram o golpe de estado na Ucrânia em 2014.
A guerra da Ucrânia reflete a crise do esgotamento do imperialismo como força hegemônica, mas ao mesmo tempo impulsiona a polarização política mundial e a própria luta de classes universal a partir do financiamento das guerras e golpes de estado pelo próprio imperialismo. Enquanto bilhões de pessoas vivem na pobreza e boa parte na miséria mundo afora, o imperialismo impulsiona a guerra e a destruição dos países inimigos e até mesmo parceiros históricos ou eventuais, como a própria Ucrânia massacrada pela guerra e a Alemanha no sentido da debilidade econômica e da instabilidade política provocada pelo conflito bélico e pela própria crise terminal do imperialismo.