Nos meses de julho e agosto ocorrerão os congressos estaduais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), preparatórios para o congresso nacional marcado para outubro, no ano em que ela completa 40 anos de sua fundação. São eventos da maior importância porque se trata da maior central sindical da América Latina e uma das maiores do mundo, com mais de 4 mil sindicatos filiados e responsável pelas lutas da classe operária brasileira ocorridas a partir do início dos anos 1980.
Embora a CUT só tenha sido criada em 1983, já na década anterior, os principais líderes que estiveram à frente das greves operárias responsáveis pelo fim da ditadura – como o atual presidente Lula – lideraram também a criação da Central, em oposição ao peleguismo, marca do sindicalismo nos anos de chumbo da ditadura. Apesar dos anos de refluxo do movimento operário, que se deve em grande medida ao avanço da política neoliberal imposta pelo imperialismo ao resto do mundo, a CUT ainda assim manteve seu papel de destaque na luta dos trabalhadores, com destaque para as mobilizações contra o golpe de 2016, na luta contra os governos Temer e Bolsonaro, e também na vitória de Lula nas eleições de 2022.
Na atual etapa, que coincide com a realização dos congressos, o País vivem um momento em que a crise política atinge o governo Lula e assume contornos cada vez mais graves, obrigando a CUT a se colocar à altura da sua responsabilidade. É nesse sentido que a Central não pode ter um papel de mero espectador, de apoiadora das medidas tímidas apresentadas até o momento pelo Palácio do Planalto, diante do enorme cerco que sofre por parte dos setores reacionários de fora e até mesmo de dentro do próprio governo.
A CUT deve aproveitar a tendência à mobilização presente no movimento operário, nas greves dos professores em diversos estados da federação e na mobilização dos metalúrgicos do ABC contra a taxa de juros nas ruas, por exemplo, e usar os congressos para alavancar um programa próprio dos explorados diante da crise, a partir das necessidades fundamentais dos trabalhadores, entre elas a luta por um plebiscito revogatório de todas as medidas tomadas pelos golpistas; a luta por uma efetiva política contra o desemprego e pela recomposição do salário mínimo; a luta pela reforma agrária.
Estas e outras medidas só podem ser conquistadas como parte da mobilização da classe operária e de demais setores explorados, com seus próprios métodos de luta, porém nas ruas; barrando a ofensiva da direita e impondo pela luta suas reivindicações.