Previous slide
Next slide

Entrevista

“Não existe organização igual ao PCO”

Adriana Machado da célula do PCO em Nova York, concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário Causa Operária na 34°Conferência Nacional

Nesse sábado, dia 08 de julho, na 34ª Conferência Nacional do PCO, Adriana Machado, do PCO Internacional, concedeu uma entrevista ao Diário Causa Operária. Adriana denunciou a degradação das condições de vida em Nova York e o aprofundadamente da crise política, enfatizando a necessidade de uma organização operária como o PCO.

Diário Causa Operária: Adriana, diga-nos como foi a sua viagem dos Estados Unidos para o Brasil e por que você está aqui?

Adriana Machado: Eu vim direto para o acampamento e para a conferência. Foi tranquilo. Desembarquei em Guarulhos e vim direto para o local. É a segunda vez que participo da conferência do Partido. Eu já tinha feito esse circuito antes, sempre que possível venho, acho essencial, muito importante e fico muito feliz de participar presencialmente. Apesar de sempre acompanhar o partido lá de Nova York, é muito diferente. Bem melhor estar presente, participar, poder conhecer os companheiros, fazer intervenção, tirar dúvidas e conviver com os militantes, ver o funcionamento do Partido.

Diário Causa Operária: O que você pode falar sobre a situação política nos Estados Unidos. O que está acontecendo de relevante? Quais são as perspectivas no geral da situação política de lá?

Adriana Machado: Olha, a situação lá é bastante explosiva. É bastante preocupante. No ano passado, o governo de Nova York lançou um vídeo que eles chamam de PSA. Eu não lembro exatamente o que significa, mas é um vídeo de propaganda do governo para educação da população. E eles soltaram esse vídeo em Nova York instruindo as pessoas como se preparar para um ataque nuclear.

Diário Causa Operária: Quando foi?

Adriana Machado: Foi ano passado. E o mais interessante é que não existe preparação. Eles falam que você tem que entrar num porão, ficar lá indefinidamente, acompanhar os pronunciamentos oficiais e só sair quando falarem que pode sair. Só que Nova York agora tem 100.000 pessoas que não têm casa para morar e está só aumentando depois da pandemia. Então, a maioria das pessoas não tem porão, mesmo se for para o porão, não tem comida, não tem água. E como elas vão acompanhar os pronunciamentos se elas estão no porão sem nada? Seria algo surreal.

Hoje, eu vi uma declaração do Biden falando dessas armas clusters que eles vão enviar para a Ucrânia. Ele falou claramente que está mandando isso porque o armamento já acabou. Então essa é a opção. Está muito claro que eles estão com muita dificuldade e estão escalando os conflitos mundiais e cada vez mais deixando o trabalhador americano na mão.

Quando eu me mudei para Nova York, era uma cidade muito diferente do que é hoje em dia. Cada vez mais Nova York me lembra o Brasil do Fernando Henrique dos anos 90. Muita gente na rua passando dificuldade. Esses 100.000 que estão sem teto são apenas os que estão na rua mesmo, porque tem muitas famílias assim, morando cinco famílias num apartamento só.

A gente vê na internet pessoas falando que tem sete crianças no apartamento, não tem comida, os pais sempre na cadeia, as mulheres tomando conta. Então, assim, é uma situação difícil de explicar para as pessoas aqui no Brasil.

Em Cuba ninguém consegue entender o quanto a situação lá nos Estados Unidos é horrível. Claro que o Brasil e Cuba estão piores, mas ver o imperialismo nessa situação é muito impressionante.

Agora, com essas eleições, a gente vê que o grupo do Biden, o grupo do Partido Democrata está totalmente sem apoio nenhum, você vê que o Trump está na frente. No Partido Democrata, tem o Robert Kennedy Jr., que está ganhando muita atenção aqui. Temos também um pastor que anunciou a candidatura pelo Green Party. Está desafiando também o Biden.

Então a gente vê qual é o plano deles, eles estão perdendo o controle e o plano deles é endurecer a ditadura imperialista. Então eles estão tirando tudo. 

Lá em Nova York, só esse ano, o prefeito fascista lá, eu não consigo achar outro adjetivo para ele, cortou o orçamento para educação, diminuiu o orçamento para saúde, abaixou todo o orçamento da cidade, exceto o da polícia, que aumentou.

A polícia dos Estados Unidos está militarizada. Eles estão comprando tanques para a polícia das universidades. Nos últimos anúncios, aqueles cachorros robôs por enquanto não têm armas, mas já estão prontos para ser armados.

Então, está muito claro que o objetivo do imperialismo é aumentar a ditadura e oprimir as pessoas ainda mais. Qualquer dissidência está sendo duramente reprimida. Isso só tende a piorar.

Diário Causa Operária: Em relação a essa questão do orçamento de guerra de Biden, a população tende a rejeitar muito essa política do governo de enviar esses bilhões de dólares para lá? Tem muito efeito na vida das pessoas, ou é uma coisa que passa despercebido?

Adriana Machado: A maioria das pessoas não pensa sobre isso, não consegue ligar o orçamento de guerra com a falta de orçamento de infraestrutura. Mas muitas pessoas, tanto da esquerda quanto da direita, têm falado nisso.

Então está cada vez mais sendo discutido, principalmente agora por causa da Guerra da Ucrânia, que chegou a números absurdos e a pobreza cada vez maior. Agora é muito interessante ver o DSA, que é a parte da esquerda que se diz o maior grupo socialista da América e a AOC, por exemplo, que acabou de falar que vai apoiar o Biden e que ele está sendo um bom presidente e levando em conta os problemas que ele tem.

Diário Causa Operária: Então o DSA também falou isso? Eles também declararam apoio [a Biden]?

Adriana Machado: Eu não sei se o partido, mas sim, eles são parte do Partido Democrata. Então sim, esse pronunciamento foi da Ocasio-Cortez, acho que foi ontem. Então a gente vê esse grupo, que foi um grupo que estava ligado ao Bernie, que deu muita esperança naquela época. Foi muito conversado, sobre a falta de orçamento para saúde, educação e aumentar salário. 

Essa política toda foi muito conversada no Bernie. Quando ele capitulou, você vê que existe um desânimo. O pessoal que foi eleito de carona com o Bernie, eles traíram a população.

Então a gente fica até admirado de não ter um movimento maior de indignação com esse grupo que abertamente traiu o trabalhador americano. Mas eu acho que isso é inevitável, uma hora vai acontecer, mas esse grupo que é semelhante ao PSOL, a UP, que se dizem socialista, mas é a esquerda imperialista, eles acaban atrapalhando muito, porque existia uma mobilização muito grande e quando eles capitularam, você vê que o movimento desanimou.

Diário Causa Operária: Voltando para o Brasil, o que você está achando da conferência? O que você achou desse primeiro dia e como você enxerga a importância de uma organização política como essa que a gente está fazendo aqui? Para a política da esquerda como um todo.

Adriana Machado: Eu acho maravilhoso o jeito que o PCO organiza. Eu acho que é muito didático para toda a esquerda, não só do Brasil, mas mundial.

Antes de eu entrar para o PCO, sempre tive vontade de fazer alguma coisa para mudar a situação de m* que a gente está, a péssima situação que a gente está. Só que a gente não sabe como fazer, porque existe uma propaganda muito grande contra isso. Até o PT não organiza a base.

Então eu acho que o trabalho que o PCO faz, ver isso de perto é muito emocionante. Dá uma esperança muito grande, vemos que não é um bicho de sete cabeças organizar o movimento.

Eu acho muito legal ver na conferência uma participação de todos. Como é uma coisa super democrática, que existe discussão e todo mundo participa, todo mundo ajuda, já é um começo que te faz imaginar como seria o mundo depois da revolução. Todo mundo trabalhando junto, com respeito, com direito a opinião.

Então, eu acho que é muito importante até nos EUA. Desde que eu conheci o PCO, um pouco antes do golpe da Dilma, eu procuro organizações nos Estados Unidos para tentar mobilizar. E não existe.

Não existe organização igual ao PCO. Então, até lá, no trabalho que a gente faz lá nos Estados Unidos, a gente acaba mobilizando a base do PT, a base do Psol, a base da UP, porque a gente propõe os movimentos, os protestos, a discussão, a reunião.

Então, eu acho muito importante vir aqui pessoalmente, ver de perto como é feito e participar. É muito importante para quando eu voltar para lá para aplicar isso.

Fico muito feliz, venho com muito prazer e além de tudo, é muito interessante ver a congregação dos militantes do PCO, todo mundo tem o pensamento de vanguarda sobre como deve ser um mundo melhor.

Nesse mundo que só oprime a gente, dá uma satisfação muito grande poder conversar com esse tanto de gente que tem essa mesma opinião, esses mesmos objetivos.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.