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Partido Socialista do Peru

Exclusivo: dirigente peruano denuncia ingerência dos EUA

O Diário Causa Operária entrevistou durante o Foro de São Paulo, em Brasília, Victor Cárdenas, membro do Partido Socialista do Peru, discutindo o golpe de Estado no país

O Diário Causa Operária entrevistou durante o Foro de São Paulo, em Brasília, Victor Cárdenas, membro do Partido Socialista do Peru, discutindo o golpe de Estado no país e a pressão dos EUA contra a América Latina.

Víctor Cárdenas: Boa tarde, meu nome é Víctor Cárdenas, sou membro do Partido Socialista do Peru, membro do Diretório Nacional.

Diário Causa Operária: Gostaria de saber como ficou a situação das manifestações no país.

Víctor Cárdenas: As manifestações recentes diminuíram em intensidade, pois foram longos ciclos de protestos ao longo dos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e início de março. Naturalmente, houve um desgaste nos setores que participaram dessas manifestações, principalmente na zona sul. Foi necessário um período de descanso para que houvesse a organização, articulação e superação das limitações presentes nos primeiros ciclos de protestos após dezembro.

No entanto, é importante mencionar que a repressão às próximas mobilizações, que começarão em julho, está presente. A presidenta Boluarte fez afirmações rejeitáveis, insinuando quantas mortes mais seriam necessárias, o que é claramente uma ameaça para desmobilizar as pessoas que saem para se manifestar, as organizações e o público. A chamada dela é para desmobilizar.

A perspectiva é que as mobilizações a partir de julho possam ser fortalecidas, envolvendo setores que ainda não se mobilizaram em algumas cidades, principalmente na capital. Nas primeiras ondas de mobilização, houve participação, e espera-se que isso contribua para o cumprimento das reivindicações que estão sendo feitas nas atuais lutas sociais.

Diário Causa Operária: Conversei com dois colegas do Peru, ontem e uma companheira que é congressista, não sei se do Peru Libre. Ela falou justamente dessa mobilização que levou a Lima, que estão convocando. Qual é o papel da juventude na organização, na promoção disso, dessa mobilização?

Víctor Cárdenas: Bem, acreditamos que os interesses dos Estados Unidos em relação ao que está ocorrendo no Peru são evidentes. Na América Latina, atualmente vivemos um contexto de acirradas disputas e candidatos inclinados aos interesses norte-americanos estão perdendo espaço, como vimos no caso do Brasil com a derrota de Bolsonaro. Essa derrota não afeta apenas ele, mas também a geopolítica dos Estados Unidos.

O Peru tem sido um ponto fraco nessa disputa, onde os Estados Unidos conseguiram obter conquistas que não alcançaram em outros países. Isso é perceptível não apenas em uma leitura geopolítica, mas também por meio das ações concretas que eles têm tomado. Quando ocorreu a tomada do poder pelo Congresso e a ascensão de Boluarte, o embaixador dos Estados Unidos no Peru foi o primeiro a apoiá-lo. Além disso, nos atos realizados pelos setores empresariais peruanos para legitimar o regime, a embaixada americana marcou presença. Esses setores representam os interesses extrativistas dos Estados Unidos, como na mineração e na agroexportação, entre outros ramos em que eles estão envolvidos.

Outro sinal claro da presença norte-americana na situação política peruana é o fato de, apesar das denúncias de violações dos direitos humanos e da repressão brutal, os Estados Unidos continuam mantendo sua posição. Isso é evidenciado por atividades frequentes, como a renovação da presença militar no Peru. Mesmo diante de todas essas questões e dos questionamentos ao regime, eles mobilizaram de 1.500 a 2.000 soldados norte-americanos que estão sendo enviados para 16 regiões do Peru no próximo semestre. A mensagem política é clara, revelando a quem eles estão respondendo e apoiando.

Além disso, há outras formas de intervenção que ocorrem por meio do softpower, utilizando organizações e fundações. Os Estados Unidos estão presentes há bastante tempo por meio de vários organismos, financiando institutos de pensamento econômico, consultorias e ONGs que trabalham diretamente para o Estado.

Eles possuem uma agenda cada vez mais conservadora, acompanhando o crescimento da direita conservadora nos Estados Unidos e na região. Surgiram organizações que seguem essa agenda, financiando movimentos que se espalharam por diferentes partes da América Latina, utilizando uma estrutura organizacional similar. No Peru, eles estão instalados e possuem organizações que trabalham por meio desses mecanismos de softpower, fortalecendo e contribuindo para a tentativa da extrema-direita de gerar uma base social. Isso é evidente no Peru e em vários outros países do continente.

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