Em declaração dada na manhã de hoje (5) durante a 17ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, o presidente Lula declarou:
“Vi no jornal que tinha alguém pleiteando o Ministério da Saúde. Fiz questão de ligar para a Nísia. Disse para Nísia: vai dormir e ficar tranquila, porque o Ministério da Saúde é do Lula, foi escolhido por mim e ficará até quando eu quiser”.
O problema do Ministério da Saúde, no entanto, vai muito além de uma notícia no jornal. O que está acontecendo – e todos sabem disso – é que o chamado “centrão” está extorquindo o governo Lula para conseguir cargos estratégicos em seu governo. Mas precisamente, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, como chefe de um grupo de centenas de parlamentares, quer que Lula ceda em uma série de postos importantes do primeiro escalão.
O que Arthur Lira quer do governo é algo que Lula é incapaz de dar. Lira quer abocanhar tanto o governo que, se bem sucedido, seria capaz de estabelecer uma espécie de governo. Isto é, um golpe branco contra o governo para tornar o Executivo meramente decorativo. Na prática, transformar Lula em um refém da direita, de políticos que são declaradamente opositores ideológicos do governo.
Lula ceder à pressão da direita significaria o fim de seu governo. Trata-se, portanto, de algo inviável. No entanto, o fato de que Lira está cercando Lula para que ceda quer dizer algo importante: que o governo é visto como fraco por seus inimigos.
É urgente criar as condições para um enfrentamento com a direita – caso contrário, a direita criará as condições para derrubar o governo.