Sobre a faixa com os dizerem “Na pandemia, a enfermagem morreu” e “STF, não enterre o nosso piso”, enfermeiros de todo o País se mobilizaram nas últimas semanas para exigir maior dignidade no piso salarial da profissão.
De acordo com o presidente do SindEnfermeiros do Distrito Federal, a categoria, que oficialmente retornou ao trabalho nesta semana, continuará em “estado de greve”, isto é, “quando a gente fica alerta, fazendo atos e comunicações sobre o piso salarial”, explicou Jorge Henrique de Sousa em entrevista. A paralisação total durou 6 dias, mas o clima continuou não só em Brasília, mas em todo o País.
Foi no Distrito Federal, inclusive, que um trabalhador foi jogado por um policial ao chão e agredido com joelhadas e spray de pimenta durante uma abordagem policial na Esplanada dos Ministérios, representando tanto a truculência natural da polícia, quanto o descaso com o direito essencial de entrar em greve.
Já no Espírito Santo, o Conselho Regional de Enfermagem do Estado do Espírito Santo emitiu uma nota defendendo a paralisação, mas garantindo que serão “respeitados todos os direitos e garantias fundamentais da coletividade”. O Conselho complementou, defendendo “a manutenção dos serviços de urgência e emergência, assim como os serviços indispensáveis ao atendimento às necessidades inadiáveis da comunidade”. Na prática, o que houve no estado foi uma greve em 50%, onde os tópicos listados acima em nota do Coren-ES entram nos 50% previstos de seguirem trabalhando.
Já no Ceará, mais um estado em que os trabalhadores da enfermagem pararam para exigir o pagamento do piso salarial, a Justiça, considerando-se iluminada, afirmou que a greve foi ilegal e ordenou que fosse suspensa imediatamente. O que os trabalhadores lutam não só no Ceará, mas em todos os estados acima, é pelo cumprimento do mínimo que o piso salarial lhes promete, sendo R$4.750,00 para os enfermeiros, 70% deste valor para os técnicos de enfermagem e 50% do piso para auxiliares e parteiras.
O direito à greve é um direito fundamental do trabalhador não só da enfermagem, mas de qualquer categoria e em qualquer parte do mundo. É preciso não só defender aqueles que se levantam para exigir o mínimo que o Congresso lhes prometeu, mas defender a importância de que as greves continuem acontecendo e continuem ampliando, para que cada vez mais os trabalhadores se mobilizem na luta pelo que é seu por direito.