Recentemente, uma fala do deputado bolsonarista Gustavo Gayer, durante sua participação no podcast 3 irmãos, gerou mais um acesso da sanha censuradora da esquerda pequeno-burguesa no Brasil. Gayer afirmou que há um “emburrecimento” da população brasileira, usando como argumento o dado supostamente real de que o QI médio do povo brasileiro é de 85.
Respondendo a essa afirmação, o apresentador do podcast afirma que na África (não especificando o país), o QI médio seria de cerca de 72, e comenta que foi descoberto que alguns macacos têm QI de 90. Gayer afirma que essa seria a razão pela qual na África há apenas ditadores, dizendo que a suposta “burrice” do povo africano faz com que eles aplaudam e apoiem ditadores, dizendo que já se tentou “fazer a democracia” diversas vezes na África, mas o baixo QI da população torna isso inviável. Ele completa dizendo que essa é a razão pela qual o povo brasileiro apoia o Lula.
Em outro trecho do programa, Gustavo Gayer afirma que o “feminismo é o câncer que fodeu com a sociedade”, explicando que as feministas estariam incutindo nas mulheres a ideia errada de que sair para trabalhar é mais importante do que cuidar das suas famílias, o que, segundo Gayer, é uma ideia errada. O correto, para ele, seria ensinar os homens a não irem trabalhar e ficarem em casa cuidando da família junto com as mulheres.
Ambas as afirmações do bolsonaristas são absurdas e erradas por uma série de motivos óbvios. No entanto, é preciso dizer que a reação da esquerda é o aspecto mais prejudicial de toda essa história. O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, se apressou em ativar a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e em enviar um pedido de providências à Câmara dos Deputados, acusando Gayer de racismo e misoginia.
O ministro afirmou “No ofício peço a tomada das providências cabíveis por parte das autoridades. A imunidade parlamentar serve para proteger o regular exercício do mandato e não serve como escudo para a prática de crimes”, mostrando que já é lugar comum dentro da esquerda classificar a emissão de opiniões de “crimes”.
Outra figura que tomou uma atitude foi a deputada transexual, Duda Salabert, que anunciou em suas redes sociais que irá entrar com pedido de cassação contra o deputado por suas falas no podcast.
No Brasil, a esquerda pequeno-burguesa procura estabelecer de forma cabal o crime de opinião. Já se tornou corriqueiro para alguns o ato de “chamar a polícia” e processar quaisquer figuras que digam coisas das quais discordem. A influência nefasta do identitarismo, política a serviço do imperialismo, transformou os esquerdistas em verdadeiras “chaves de cadeia”.
Essa total falta de coordenada política coloca a direita em posição vantajosa, pois pode fazer, diante do povo, a campanha de que a esquerda é censuradora e contra a liberdade de expressão, enquanto eles procuram defender que o povo possa falar o que quiser, uma ideia falsa.
Além disso, é preciso ressaltar que a primeira ideia citada da fala de Gayer – que afirma que a democracia não prospera na África devido ao baixo QI de sua população não foi alvo da polêmica da esquerda. Essa, que poderia ser uma crítica mais política à fala do deputado, ficou de fora. Silvio Almeida e Salabert preferiram confiar na posição identitária. É provável que o motivo seja simplesmente porque uma boa parte da esquerda concorda com a afirmação. Ao atacar os bolsonaristas, é comum dizer que são “gados” e que “não sabem votar”, o que se assemelha muito à posição defendida pelo bolsonarista.
Se a fala de Gayer foi racista, é preciso responder, mostrando por que ela está errada. O correto é debater com as opiniões bolsonaristas, e não procurar silenciá-las com a Polícia Federal. A política de censura, como dito inúmeras vezes, é uma política que irá prejudicar, em última instância, a própria esquerda e a classe trabalhadora. Deve-se sempre lembrar que a Constituição Brasileira (se é que o documento ainda vale alguma coisa) defende a liberdade de expressão irrestrita para todos os brasileiros.