Gabriel Araújo, Tribuna do Movimento
A XV Cúpula dos BRICS ocorrerá no mês de agosto na África do Sul em meio a fortes tensões internacionais entre os países imperialistas e os países de capitalismo atrasado. Existe uma enorme expectativa entorno dessa cúpula, para que a partir dos encaminhamentos fique mais claro identificar quais serão os rumos políticos que o mundo terá daqui em diante.
Os países imperialistas durante o último período da conjuntura política, econômica e militar internacional demonstraram que estão em uma posição de fragilidade nunca vista antes.
No terreno da política internacional, as iniciativas abertas de substituição do dólar (principalmente utilizando a ferramenta do Banco dos BRICS, hoje presidido pela companheira Dilma Rousseff) e de recusa de aplicar sanções contra a Rússia pela maioria dos países de capitalismo atrasado, nos dão uma noção introdutória dessa condição frágil dos donos do mundo.
No que toca a questão econômica, na Europa e nos EUA, acompanhamos recentemente os recordes de décadas com a disparada da inflação, ultrapassando marcas de mais de 40 anos, e soma-se à isso a atual recessão da Europa que aplica uma política suicida ao servir de bucha de canhão de Washington no conflito militar com a Ucrânia. Essa circunstância de disparada inflacionária tem sido puxada pela elevação desenfreada dos preços de energia e de alimentos.
No primeiro trimestre o PIB dos EUA teve uma elevação de somente 0,3%, dando seguimento a queda constatada no quarto trimestre de 2022 com relação ao terceiro trimestre do mesmo ano.
Nem mesmo a forte política de elevação da taxa básica de juros em todos os países imperialistas têm sido capaz de promover uma significativa redução na inflação e provocar uma retomada do crescimento econômico. Aliás, todas as 13 vezes em que os EUA aplicaram essa medida, em 10 o resultado foi a recessão.
As análises dos principais mecanismos financeiros internacionais, como FMI e Banco Mundial, reduziram a previsão de crescimento do PIB em quase todo o conjunto de países desenvolvidos, principalmente na zona do euro.
Essa situação de fragilidade fica comprovada também na movimentação de países do Oriente Médio, como no caso da Arábia Saudita que tem se recusado dia após dia a intensificar o processo de extração de petróleo para baratear os preços dos barris, além do interesse do país, junto a outros 19 países, de se tornarem membros dos BRICS, e os abalos nas relações diplomáticas com Israel (históricos aliados dos EUA na região).
No campo político e militar, as sucessivas derrotas na Síria e Afeganistão, o fracasso da invasão do Iraque, os revezes no conflito militar na Ucrânia, o fracasso do golpe na Venezuela e na Turquia (que reelegeu o Presidente Erdogan, que tem se aproximado cada vez mais dos países do BRICS), e a retomada da democracia em diversos países latino-americanos, comprovam o paulatino enfraquecimento do imperialismo, se somam aos demais indícios de enfraquecimento da política imperialista dos países desenvolvidos.
Obviamente que esse processo de desagregação da fortaleza inimiga são de extrema importância para a classe trabalhadora, porém não devemos nos iludir de que o imperialismo vai prosseguir com seu enfraquecimento sem dar duras respostas políticas e econômicas. Aliás, esse fenômeno de desagregação é algo que vem acontecendo há diversos anos, porém tem ficado em maior evidência atualmente. Por outro lado, em paralelo a esse processo de desagregação, a política neoliberal e os próprios golpes de Estado dos últimos anos, demonstram que há sim uma disposição do imperialismo, mesmo que paliativamente, em tentar fazer frente a esse processo de declínio. Logo, as organizações dos trabalhadores devem se preparar para a mobilização e para evoluir para um processo de luta cada vez mais aberto contra o imperialismo, para colocar um fim não somente na dominação colonial, mas ao sistema capitalista de conjunto.