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Camilo Duarte

Militante do PCO e colunista do Diário Causa Operária. É formado em Física pela UFPB.

Marxismo

Por que a esquerda precisa saber o que é Marxismo

Os feriados e festividades sempre trazem uma história interessante da esquerda nacional, as diferentes concepções e suas consequências, revelam a necessidade de discussão sobre “O

Os feriados e festividades sempre trazem uma história interessante da esquerda nacional, as diferentes concepções e suas consequências, revelam a necessidade de discussão sobre “O que é o Marxismo”. Dessa vez uma colega militante, foi recebida por um quadro antigo do PCdoB que demonstrou uma das principais confusões da esquerda no momento, que o estado burguês vai combater o fascismo.

Qual a concepção desse velho comunista?

Com mais de 25 anos de partido, esse militante do PCdoB afirmou que “Bolsonaro e a direita seria varrida pelo judiciário e que ano que vem a economia iria bombar”. Essa avaliação não é uma exceção no PCdoB, ou no restante da esquerda, pelo contrário é majoritária na esquerda pequeno-burguesa, presente até mesmo em altos postos do governo Lula.

Dois aspectos precisam ser discutidos nas avaliações desse espectro, o primeiro é o caráter e finalidade do Estado, o segundo é o desenvolvimento econômico internacional. As concepções presentes nessa avaliação precisam ser esclarecidas para o desenvolvimento de uma cultura de classe, que também seja ferramenta política da classe operária.

O Estado burguês

Para os extratos mais empobrecidos da classe trabalhadora empurrada para o lumpesinato, o papel de opressão do sistema judiciário e das polícias, é bastante claro. Hoje a própria academia e parte de sua burocracia reconhece que o Estado tem extrapolado contra os trabalhadores, o que seriam os poderes de um Estado de Direito.

Nosso judiciário é reconhecido pela quase impossibilidade de acesso a defesa adequada em juízo, a quem não detenha amplos recursos. Uma comunidade prisional gigantesca, pobre e negro, que muitas vezes passa parte da pena da acusação sem terem ao menos audiência inicial.

A parcialidade do judiciário é algo corriqueiro, que já teve contato com alguma comarca os juízes ocupam uma posição quase divina e sempre “amigos do rei”. Se nas comarcas dos rincões essa parcialidade são favas contadas, é porque o fruto dificilmente cai longe dos galhos. A história do STF demonstra isso, apoiando todos golpes e ditaduras que houveram no país.

As polícias, braços armados do Estado, tem excelência ao desempenhar o seu papel de assassina da população preta e pobre. Não podemos ter como reivindicação apenas a demagogia de desmilitarização, muitas das chacinas no país foram executadas pelas polícias civis. É preciso o fim de toda e qualquer polícia ou aparelho repressivo que não esteja diretamente sob controle popular.

Doce ilusão

A pequena burguesia por ter alguma migalha do poder estatal, ou alguma estabilidade econômica acredita que o Estado também está a seu serviço. Não consegue compreender o caráter como ditadura de uma classe sobre outras.

Não tem como existir democracia entre classes tão antagônicas como a burguesia e o proletariado. Os interesses em sua maioria são opostos, essa ilusão persiste apenas apenas com a cooperação da esquerda pequeno-burguesa, enquanto as condições materiais permitem.

Mas pelo desenvolvimento da crise econômica internacional a tendência do movimento em todo o mundo é a polarização e radicalização. Isso lembra o debate entre as redes sociais, não eram as redes que radicalizaram as pessoas, eram as pessoas forçadas pelas condições de vida que radicalizaram as redes.

Desenvolvimento econômico

O outro ponto importante dessa avaliação é a certeza que a economia “vai bombar”, um aspecto em comum na esquerda ao analisar estes pontos é como expectativa para o terceiro mandato de Lula os seus dois primeiros. Ocorre que essa metodologia não consegue responder o desenvolvimento do período avaliado.

Essas avaliações consideram apenas os fatores internos, em sua maioria não tem a correlação de forças da luta de classes como eixo central e desconsideram os fatores externos.

Se tivermos três governos do consecutivos do PT até o golpe, foi um fruto da luta de classes no Brasil e restante do mundo. Com o agravamento da economia dos países imperialistas, basicamente todas as mudanças de poder no mundo que houveram no último lustro foram através de golpes de estado.

Onde não houve golpe foi apenas pela incapacidade do imperialismo ter uma polícia mais agressiva. Sempre que puderam, eles transferiram sua crise para os países periféricos, quando não puderam os países imperialistas prepararam o terreno.

Embora tenhamos um cenário com expectativas favoráveis, sua concretização dependerá da luta política contra o imperialismo. Um bom exemplo disso são as reservas da Margem Equatorial, embora tenham sido leiloadas em 2013, durante o governo Dilma, ainda não foram sequer prospectadas. 

Marina Silva como boa pró-imperialista está trabalhando para que ela tenha o mesmo destino das reservas de petróleo e gás no Peru. Essas não ficaram intocadas durante os governos de esquerda e agora estão sendo destroçadas pelos monopólios dos países imperialistas, sem deixar nada para a população local.

Cultura operária

Para lidar com situações como essa, o movimento operário acumulou anos de experiência prática e debate. Uma avaliação que não considera essa cultura do movimento operário não será uma ferramenta de defesa dos seus interesses na luta política.

O Marxismo é a parte madura dessa cultura, mais que uma ideologia, uma doutrina presente em basicamente todo o mundo. A força Marxismo é inquestionável seja na organização política, ou demais aspectos da vida.

Entretanto, pela sua demonstração de força, toda ideologia estranha hoje em dia tenta se passar por tal. Esse debate sobre qual caminho seguir e qual será o melhor instrumento para o trabalhador na luta contra o patrão hoje segue extremamente confuso na esquerda, infelizmente é negligenciado por sua maioria.

Em razão disto, o Partido da Causa Operária realiza semestralmente a Universidade de Férias e Acampamento da AJR. Tendo uma discussão e prática pautadas no Marxismo, é uma atividade para seus militantes, mas aberta a toda a esquerda que queira discutir. 

Esse tipo de atividade é essencial para conhecimento das metodologias e consequente ação política revolucionária. A versão atual será a 47ª edição, nos dias 1 à 7 de julho, com o tema do curso “O que é o marxismo e o que não é”, será realizado de forma presencial e online no sitio https://unimarxista.org.br

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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