No dia 19 de junho foi celebrado os 124 anos do cinema brasileiro. Essa data foi escolhida, pois remete o primeiro dia em que foram feitas imagens a partir da tecnologia do cinematógrafo no Brasil, o dia 19 de junho de 1898.
Com o passar dos anos, a data se tornou um símbolo comemorativo dos grandes pioneiros do cinema nacional, marcando grandes diretores como Afonso Segreto e seu irmão Paschoal Segreto, Humberto Mauro, e mais tarde desenvolvendo um dos primeiros estúdios profissionais, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz.
A Vera Cruz surgiu 4 de novembro 1949, após o final da Segunda Guerra Mundial e o começo da Ditadura do Estado Novo, no epicentro de um cenário cultural vibrante no estado de São Paulo.
Fundada por Franco Zampari e sediada em São Bernardo do Campo, a produtora é um marco do cinema nacional, e representou uma mudança da indústria brasileira. Foi baseada no modelo de produção de Hollywood e tinha como objetivo projetar o cinema brasileiro para o exterior. Ele contratou técnicos europeus e investiu uma quantia significativa em cenários, elenco e equipamentos de filmagem. A Companhia Cinematográfica Vera Cruz foi um marco importante para a história do cinema brasileiro.
Com o objetivo de atingir o tão almejado “padrão internacional de qualidade”, Zampari optou por abrir mão do cinema popular.
Os técnicos europeus da Vera Cruz, por sua vez, não possuíam familiaridade com a cultura brasileira, tampouco com o estilo cinematográfico do País.
Ao priorizar produções policiais e dramas de longa duração, a Vera Cruz foi alvo de críticas por sua abordagem superficial do Brasil e por lançar filmes que seguiam moldes estrangeiros.
A despeito de alguns sucessos internacionais, a Vera Cruz, sem apelo popular e enfrentando a concorrência do cinema estrangeiro, não conseguia arrecadar o suficiente em bilheteria para cobrir os custos de produção.
Ademais, a administração caótica da empresa contribuiu para o seu endividamento e falência. A distribuição dos filmes pela Columbia Pictures dificultava o retorno financeiro para a produtora, o que levou ao encerramento das atividades dos estúdios após apenas 5 anos.
Apesar das diversas críticas a Vera Cruz, Zampari conseguiu profissionalizar diversas pessoas da indústria cinematográfica e contribuiu para a criação de uma nova geração de profissionais capacitados e diferentes técnicas de filmagem que agregaram para a produção brasileira.
A produtora obteve um sucesso estrondoso com O Cangaceiro, que marcou um dos primeiros filmes nacionais a ultrapassar as fronteiras do País. Após inúmeras tentativas, o diretor Lima Barreto finalmente obteve a permissão para criar uma obra inspirada em nossa cultura, enfocando o emblemático Lampião.
Seus filmes foram reconhecidos internacionalmente, conquistando prêmios como o de melhor filme de aventura e melhor trilha sonora no Festival Internacional de Cannes, além do Leão de Bronze no Festival de Veneza com o icônico Sinhá Moça.
A companhia também revelou grandes talentos, como o ator, cineasta e comediante Amácio Mazzaropi, que começou em filmes como Sai da frente e Jeca Tatu, após ter sido impulsionado pela Vera Cruz. Além disso, a produtora conseguiu consolidar o cinema brasileiro, tirando-o da marginalidade, graças ao apoio de setores mais ligados à burguesia nacional.