Na última sexta-feira (23) o grupo militar privado Wagner (PMC Wagner em inglês) da Rússia se rebelou contra autoridades militares russas, as quais o líder do PMC Wagner, Evgeny Prigozhin, chamou de corruptas. Conhecido pela sua excentricidade e imprevisibilidade, Prigozhin então declarou que marcharia com suas colunas militares para Moscou para enfrentar o ministério da defesa.
As tropas do Grupo Wagner ocuparam o quartel-general do Distrito Militar do Sul em Rostov-do-Don, no sul da Rússia. Esta é a maior cidade russa na proximidade do território disputado e em conflito. Após a ocupação, as tropas começaram a organizar-se para marchar em direção à capital russa.
Logo que Prigozhin fez suas declarações, o governo russo se pronunciou dizendo que estava em marcha um golpe de Estado e fez um chamado a todos os soldados do grupo Wagner para que eles não se juntassem ao que o governo descrevia como um motim. O ministério da defesa, segunda a emissora russa RT, também declarava que muitos dos soldados já haviam despostos suas armas e garantia a “segurança” de todos os que o fizessem.
Em um pronunciamento oficial, o presidente Vladimir Putin declarou que a medida era uma traição à pátria e uma “facada nas costas” da Rússia e do povo russo. Também disse que a Rússia luta pela sua própria sobrevivência (na guerra da Ucrânia) e que era preciso deixar de lado pequenas diferenças em prol da unidade nacional na luta contra o imperialismo, que o presidente chama de “ocidente”. O presidente Putin também disse que estavam colocados contra a Rússia “Essencialmente toda a força da máquina militar, econômica e de informação do Ocidente”.
Diversos governos nacionalistas aliados à Rússia se pronunciaram sobre a tentativa de golpe. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse “O presidente russo informou [o presidente] sobre a situação no país em meio a uma tentativa de insurreição armada. O Presidente da Turquia expressou seu total apoio em relação às medidas tomadas pela liderança russa”. Já o governo do Irã declarou que se tratava de um assunto interno dos russos e que defendia “o governo da lei” dentro do país, numa clara alusão ao governo de Putin. O presidente Lukashenko da Bielorrússia também se pronunciou e disse que a insurreição era um “presente ao ocidente coletivo”.
A situação começou a sua resolução a partir da mediação do próprio presidente Lukashenko da Bielorrússia, que, com a autorização de Putin, negociou o exílio do presidente do grupo Wagner, que irá para a Bielorrússia, e anistia a todos os soldados do Wagner, bem como a imediata desmobilização dos soldados das áreas ocupadas. O ministério da defesa da Rússia diz que os soldados que não participaram do motim terão direito a assinar contratos com o ministério da defesa.