Na última quarta-feira, 21 de junho, o Esquerda Diário publicou uma matéria intitulada “Por que Damares e Malafaia gostaram de Zanin e o que isso indica sobre sua atuação no STF”. No texto, o diário online faz uma crítica velada ao Lula e ao PT pela indicação de Zanin ao STF. Para a esquerda diário, Zanin é condenável, pois agrada à direita. Mas será que a questão ideológica é central nesse caso?
A primeira crítica a Zanin é que ele é contra o aborto e, portanto, não apoiaria a legalização do aborto. De fato, Zanin não é nenhum esquerdista, tanto que agradou setores da direita por suas posições de “defesa da vida”. Mas isso não significa que o PT esteja completamente errado em defendê-lo como ministro do STF. A realidade é que qualquer ministro do STF seria questionável pela própria existência do supremo como tal. A indicação de alguém de confiança de Lula, mesmo que tenha posições direitistas, nesse sentido, é um avanço do PT.
O Esquerda Diário cita a fala de Damares e Malafaia, nas quais eles dizem que “gostaram” de Zanin. A citação implica na crítica baixa do jornal à posição do PT de indicar o ministro. A realidade é que o governo Lula está trabalhando segundo a sua proposta de ser progressista em um governo de coalizão com a direita. Para aprovar um ministro do Supremo em meio a um Senado direitista, portanto, é preciso ter um candidato que cumpra o papel. A questão ideológica, portanto, não é a questão principal nesse caso.
O que o revolucionário faria e o que esperar do PT são coisas diferentes
O que um partido revolucionário faria no governo é muito diferente do que esperar da ação do PT. O PT joga o jogo da conciliação, um governo revolucionário expropriaria a burguesia. Mas o que está dado nesse momento não é isso. É possível criticar Lula apresentando a alternativa do rompimento com a burguesia em defesa dos trabalhadores. Mas fazer uma crítica sem alternativa clara à política do PT de indicar alguém de sua confiança como o Zanin ao STF, é infantil.
Um avanço parcial do PT
Nesse sentido, o PT teve um avanço, mesmo que parcial, em relação a suas antigas indicações ao STF. Não foi indicado alguém dito “técnico”, como Rosa Weber ou Luís Roberto Barroso, os quais em seguida foram responsáveis pela perseguição ao próprio PT. Agora eles indicaram alguém de confiança, que os acompanhou em todos os processos da Lava Jato, num momento muito adverso ao PT e a Lula, em que toda a burguesia estava unificada.
A política do MRT, dono do Esquerda Diário, é desonesta porque exige do governo algo que sequer é de sua natureza, mas sem propor nada concreto. No fim, acabam se aliando com a direita que está contra o governo.