Previous slide
Next slide

Massacre do povo em Paris

23/06/1848 – 175 anos do levante proletário de junho, na França

Após Junho de 1848, a revolução significou transformação da sociedade burguesa. Antes, significava transformação da forma de Estado.

No dia 23 de junho de 2023 completam-se 175 anos do levante proletário de junho, que ocorreu em Paris, França, no ano de 1848. Resultado de acúmulo de opressão social por um governo burguês, a grande massa entrou em conflito com o exército criado pelo governo. A guerra civil resultou em milhares de mortos e centenas de presos sobreviventes foram enviados à Argélia. O levante de 23 de junho de 1848 foi um dos eventos mais cruéis da burguesia e do governo sanguessuga contra o povo comum. O fracasso da revolta foi analisado pelo Marx, gerando obras importantíssimas para entender os fatos, sem o filtro do registro histórico pela ótica da burguesia.

A revolta de 23 de junho de 1848 ocorreu após outro levante popular, a Revolução de Fevereiro, que preparou o terreno a revolta de junho.

Revolução de Fevereiro

Também conhecida como Revolução Francesa de 1848, que encerrou a Monarquia de Julho (1830-1848) e culminou com a criação da Segunda República Francesa, com a queda do rei Luís Felipe I. Segundo Marx, o governo era totalmente dominado por uma parte da burguesia chamada de aristocracia financeira, composto por banqueiros, magnatas da bolsa de valores, de ferrovia, proprietários de minas de carvão e ferro, grandes latifundiários, etc. Nessa época, a burguesia industrial era minoria, ocupando o espaço de oposição, e a pequena burguesia e os proletários estavam excluídos do poder político.

O endividamento do Estado“, escreveu o pai do socialismo científico, “era, pelo contrário, o interesse direto da fracção da burguesia que dominava e legislava através das Câmaras. O déficit do Estado, esse era o verdadeiro objeto da sua especulação e a fonte principal do seu enriquecimento.” Marx também chamou o rei Luís Felipe de diretor sem escrúpulos de uma sociedade por ações, que explorava a riqueza nacional da França, cujos dividendos eram partilhados entre ministros, parlamentares e 240 mil eleitores. Consequentemente, os interesses da burguesia industrial com o comércio, a indústria, a agricultura, a navegação, etc. estavam sempre ameaçados a sofrer prejuízos. Ou seja, o governo de Luís Felipe nada tinha de diferente da era pré-revolução francesa de 1789.

Isso causou a revolta dos setores menores da burguesia, de pequena burguesia e do povo. Nesta época, pipocava em toda Europa revoluções e movimentações de fronteiras geopolíticas, como a anexação de Cracóvia pela Áustria. Em 1845/1946 a safra agrícola foi afetada, aumentando a insatisfação geral. O abuso de poder de autoridades inflamou ainda mais essa raiva. E para arrematar, em 1845 houve uma crise geral do comércio e da indústria na Inglaterra, abolindo a taxas aduaneiras sobre os cereais.

A devastação econômica causou falências em massa de indústrias, o que motivou a entrada de burguesia parisiense no movimento de Revolução de Fevereiro. A revolta foi lançada por adeptos de sufrágio universal, partidários de reformas sociais e uma minoria socialista como Louis Blanc e Albert. Em 23 de fevereiro, milhares ocuparam o centro de Paris com barricadas, manifestando o poder da massa.

Na madrugada de 25 de fevereiro, a Guarda Nacional atacou os manifestantes e matou cerca de 500 pessoas, e seus corpos foram desfilados pelo centro de Paris, o que aumentou a insurreição pela cidade toda. Nessa ocasião, os soldados de Guarda Nacional enviados para reprimir o povo acabaram apoiando-os. Consequentemente, o parlamento foi dissolvido e o rei Luís Felipe abdicou. Nascia a Segunda República (1848-1852), com um governo de coalizão entre a burguesia moderada, a pequena burguesia republicana e os socialistas.

O governo da Segunda República Francesa tinha caráter conservador, não correspondendo ao desejo do povo por reformas sociais. Por pressão dos socialistas e operários, foram criadas as Oficinas Nacionais, com autonomia dos operários, para atenuar os efeitos da crise econômica, como o desemprego.

Na revolução de fevereiro, os operários lutaram ao lado de burgueses, acreditando que poderia emancipar-se ao lado deles. A aristocracia financeira, contudo, retorna e com mais poder. É criado um banco nacional e todos os bancos provinciais foram transformados em filiais de Banco da França. O governo, com déficit exorbitante, resolveu criar um imposto novo, tendo como alvo da rapinagem os camponeses.

O governo provisório forma 24 batalhões de Guardas Móveis, composto de mil homens cada. A base social era oriunda do lumpemproletariado: homens jovens sem ocupação definida, criminosos e afins. Com diária de 1 franco e 50 cêntimos, juntou 24 mil homens unem-se ao novo corpo militar visando combater a população.

Em 17 de março e 16 de abril ocorreram os indícios de radicalização popular que os burgueses tanto temiam. Espalha-se o boato de que os operários tinham se reunidos, armados, para proclamar um governo comunista. Cem mil homens armados rapidamente chegam ao local onde estavam reunidos os operários para a eleição de Estado-Maior da Guarda Nacional. Toda essa encenação causou comoção do povo de Paris, com gritos de repúdio aos comunistas.

Sobre a Assembleia Nacional Constituinte de 4 de maio, Marx escreveu:

“Na Assembleia Nacional era a França inteira que julgava o proletariado parisiense em tribunal. Ela rompeu imediatamente com as ilusões sociais da república de Fevereiro e proclamou sem rodeios a república burguesa como república burguesa, única e exclusivamente. Expulsou imediatamente da Comissão Executiva, por ela nomeada, os representantes do proletariado, Louis Blanc e Albert. Repudiou a proposta de um ministério do Trabalho especial e recebeu com tempestade de aplausos a declaração do ministro Trélat:

‘Trata-se agora apenas de reconduzir o trabalho às suas antigas condições.’”

A Revoltas de Junho explodiram entre 23 e 25 de junho de 1848, principalmente em resposta dos proletários ao fechamento de Oficina Nacional. A guarda nacional, liderado pelo General Louis-Eugène Cavaignac, foi chamado para resolver a rebelião. Mais de dez mil pessoas foram assassinadas ou feridas, e 4 mil pessoas foram deportados para a Argélia Francesa. A revolta marcou o fim de esperança de “República Social Democrática” e também a vitória de liberais sobre republicanos radicais.

Abaixo o texto que o Marx escreveu sobre a Revolta de Junho:

https://www.marxists.org/portugues/marx/1850/11/lutas_class/cap01.htm#r23

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.