A crise do imperialismo fortalece se expressa de muitas formas na atual conjuntura política internacional. As derrotas militares como no Afeganistão e na Ucrânia são muito claras, a outra delas é o fortalecimento dos laços das economias dos países atrasados e principalmente de seu entrosamento econômico cada vez maior. O Brasil é linha de frente nesse quesito, principalmente por meio do BRICS, inclusive por ter indicando a ex-presidenta Dilma Rousseff, para presidir o Novo Banco de Desenvolvimento, que bate de frente com o FMI. Outro caso é o fortalecimento cada vez maior das relações econômicas Brasil-Rússia.
Um dos produtos que a Rússia tem grande participação no mercado brasileiro, ultrapassando os EUA, é o Diesel. Conforme a reportagem da Sputnik BR, “Em território brasileiro, 22% do diesel consumido precisa ser importado e metade está vindo da Rússia. O preço é de 15% a 20% mais barato do que o combustível proveniente do país norte-americano.” A Rússia, mesmo sob o cerco econômico do imperialismo e usando muito combustível para manter sua indústria de guerra e numa distância muito maior que os EUA, ainda assim consegue manter os preços de seus combustíveis mais baratos. É uma demonstração do enfraquecimento dos monopólios imperialistas do petróleo.
O presidente Lula, inclusive, foi convidado por Vladimir Putin para o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF) neste ano. Ao que parece, o presidente preferiu não participar, dada a campanha da imprensa burguesa contra seu governo devido sua visita à China e à visita de Maduro ao Brasil. Mas fez questão de ligar para Putin se explicando, o presidente russo por sua vez parou uma reunião ministerial para ouvir Lula e fez questão de divulgar na imprensa russa os acontecimentos acerca da sua conversa telefônica. A verdade é que a parceria Brasil-Rússia está muito maior do que já foi tornado público.
Nessa reunião do SPIEF, apesar de Lula não se fazer presente, a participação de brasileiros foi enorme. O Sputnik também noticiou: “Desde 2010, o Brasil mantém firmemente sua posição como parceiro comercial número um da Rússia na América Latina. Em 2022, ano de novos desafios para toda a comunidade mundial, os indicadores do comércio russo-brasileiro aumentaram em 13%.” Ou seja, em meio à guerra da OTAN contra a Ucrânia a parceria russo-brasileira se fortaleceu, isso com o governo Bolsonaro, que era ideologicamente contra o fortalecimento do BRICS.
Essa perspectiva do crescimento foi exposta pelo chefe das seções de Comércio, Investimentos e Agronegócios da Embaixada do Brasil em Moscou, Hugo Lins Gomes Ferreira, que afirmou que o recorde de 2022 será batido neste ano. Em suas palavras: “Não é oficial, pois é algo que ainda está acontecendo, mas acho que nos primeiros cinco meses [de 2023] já temos cerca de US$ 5 bilhões [R$ 24,08 bilhões][trocados no comércio entre os países]. Portanto, se tivemos US$ 9,8 bilhões [R$ 47,1 bilhões] no ano passado, poderíamos chegar lá e talvez um pouco mais”
Os fertilizantes são um dos principais focos de comércio com os russos, dado o tamanho da indústria da agricultura no Brasil. O interessante é que o País teria o potencial de produzir todo o Diesel e todo o fertilizante necessário visto que tem enormes jazidas de petróleo e a tecnologia química muito desenvolvida. A própria Petrobrás, ou a Braskem, poderia produzir todos os produtos agrícolas necessários. Mas enquanto o Brasil não se liberta da dominação dos monopólios imperialistas, que o impede de se reindustrializar, ele não precisa depender das importações desses países, pode agora contra com os russos e com os chineses.
Essa mudança, apesar de não ser tão impactante como um novo processo de industrialização brasileiro, é um duro golpe no imperialismo. Alguns países do mundo estão se unificando e fazendo um bloco para bater de frente economicamente com as nações que controlam a economia mundial. É também o caso do dólar, algo ainda mais relevante. O Brasil será a ponta de lança para que toda a América Latina, continente dominado por excelência pelos EUA, abandone o dólar. Essa transição quebra uma das principais pernas da dominação financeira das nações oprimidas.
O BRICS está claramente em ascensão e por isso dezenas de países irão aderir ao bloco muito provavelmente ainda esse ano no evento que acontecerá em agosto na África do Sul. A cúpula dos BRICS incluirá muitos convidados como o Irã, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes, a Argentina e a Indonésia. São os principais países do Oriente Médio e os segundo escalão da Ásia e da América Latina que muito provavelmente terão sua adesão formal ao bloco se não estabelecida pelo menos iniciada.
Toda essa reorganização internacional sofre uma gigantesca oposição do imperialismo que a ataca de todas as formas possíveis. O Brasil sendo o principal polo diplomático do BRICS, que por enquanto não envolve grandes alianças militares, é portanto um país de primeiríssima importância. É por isso que Lula é tão atacado em sua política internacional, e nesse quesito seu governo deve ser defendidos dos ataques da imprensa burguesa e do imperialismo.