No dia 10 de junho, o ex-presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, declarou que, caso a Casa Branca tivesse permanecido sob seu comando, teria “pego todo o petróleo” da Venezuela. Esse pronunciamento foi realizado durante comício de pré-campanha em Greensboro, na Carolina do Norte.
Qual o teor da declaração?
A declaração de Trump foi objetiva, reforçando suas posições para as eleições de 2024. Onde, atualmente, pode contar com 14 adversários a indicação de candidato do Partido Republicano.
“Quando eu saí [da presidência dos EUA], a Venezuela estava à beira do colapso, teríamos pego todo o país, pego todo aquele petróleo logo na vizinhança. Mas agora estamos comprando petróleo da Venezuela. Então estamos enriquecendo um ditador”. Afirmou Trump em referência ao governo de Nicolás Maduro.
Trump, ainda classificou o petróleo extraído pela estatal venezuelana PDVSA como um “lixo”. Para o qual “você precisa de uma operação especial” no processo de refinamento.
Endurecimento contra o governo Maduro
O discurso de Trump foi coerente com seu mandato na presidência dos EUA de 2017 a 2021, período em que endureceu a perseguição do imperialismo contra Maduro. foi em 2019 que Trump determinou o congelamento de todos os bens do governo venezuelano que encontravam-se hospedados nos EUA.
“Todas as propriedades e interesses em propriedade do governo da Venezuela que estão nos Estados Unidos (…) estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou de outra forma negociados”. Normatiza a ordem do ex-presidente Trump.
Nessa investida foram levantados pelos EUA embargos similares aos aplicados à Coreia do Norte, Cuba, Irã e Síria. Havendo a proibição de transações de pessoas físicas e jurídicas com a Venezuela, sob ameaça de sanções.
Na época, o governo norte-americano tentou justificar sua barbárie com base na luta contra as drogas. O então secretário de Justiça, William Barr, afirmou que Maduro e seus aliados em conluio com rebeldes colombianos tramaram para “inundar os Estados Unidos com cocaína”, colocando-o como responsável pela organização de narcotráfico Cartel de Los Soles.
Nicolás Maduro
Maduro é um ex-militante da Liga Socialista da Venezuela, com origem no movimento operário metroviário de Caracas. Ingressou no Movimento V República em 1998. Maduro foi deputado e depois ingressou na administração governamental a pedido de Hugo Chaves. Em 2013, após a morte de Chávez, Maduro assumiu o governo, desde então se encontra sob forte pressão imperialista. Havendo uma condenação comum dos imperialistas ao seu governo, condenação essa apoiada por parte da esquerda pequeno-burguesa.
Esse é o caso do ex-deputado federal brasileiro Jean Wyllys, que colocou a última Constituinte venezuelana como “loucura de um regime que está podre há tempos”. Entretanto, a declaração de Trump transparece a real motivação de tamanha sanha do imperialismo, a oposição, mesmo que mínima, do governo Maduro à espoliação imperialista.
Rasga o véu
Essa declaração de Trump serve para esclarecer, a quem ainda resta dúvida, a natureza das intervenções imperialistas. Toda ação do imperialismo, seja sob a desculpa da luta contra as drogas, pela democracia, ou defesa de minorias, como as últimas revoluções coloridas, é uma ação de rapina para espoliar as riquezas de uma população.
Essa declaração também desmascara a posição da pequena burguesia vendida ao imperialismo, que encampa suas campanhas por confusão e/ou interesses pessoais. Recentemente Juan González atacou Lula pela defesa de Maduro e foi acompanhado pelos seus capachos no Congresso e na esquerda nacional.
Lula foi claro em relação ao governo venezuelano ao afirmar que: “A coisa mais absurda do mundo é as pessoas que defendem a democracia negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo”. Esse apoio aberto fez com que serviçais do imperialismo como Gabriel Boric, do Chile, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados e PSTU atacassem Lula e Maduro.