A revista inglesa The Economist publicou, na semana passada, um artigo sobre a América Latina, chamando-a de “Uma terra dos trabalhadores inúteis”. Depois de receber críticas e acusações de “xenofobia” em nas redes sociais, o veículo tentou amenizar a situação mudando o texto, chamando os latino-americanos de “improdutivos”.
No dia seguinte, a revista reescreveu a frase para “Uma terra de trabalhadores frustrados”. Após alterar o título, o editor de The Economist adicionou uma observação à publicação.
“O título original deste artigo foi criticado pela frase “Uma terra de trabalhadores inúteis”. Nós o alteramos para deixar claro que estamos analisando os custos sociais e econômicos da baixa produtividade. Nosso objetivo é chamar a atenção para as causas estruturais da baixa produtividade média da mão de obra nos países latino-americanos, incluindo oligopólios poderosos que silenciam a concorrência e um grande setor informal que força muitas empresas a permanecerem em baixa escala.”
“Como acompanho a The Economist há muito tempo, eles sabem o que estão fazendo” diz Alexander Aviña, professor associado de história na Universidade Estadual do Arizona.
“Esse título, esse argumento e o subtítulo têm um aspecto de clickbait, mas, mesmo assim, acho que ainda é incrivelmente insultante, objetivamente impreciso em vários níveis e acho que é racista”, acrescenta Aviña.
A Revista também argumenta que “tudo isso está fora do controle dos latino-americanos, cujos padrões de vida foram prejudicados”, e sugere a criação de novas políticas.
Ele esquece que os trabalhadores latino-americanos são a base de sustentação da economia dos países imperialistas, e que, sem eles, o conforto que eles possuem em seus escritórios não seria possível.
Mais precisamente, os trabalhadores latino-americanos não só não são inúteis, como são o que sustenta toda a sociedade europeia e norte-americana. Eles são fundamentais para a ordem vigente.
Se essas sociedades possuem mais conforto, é justamente porque eles roubam a América Latina. Quem é inútil nessa história são os banqueiros, precisamente aqueles que sustentam e impulsionam o The Economist, esse, sim, inútil para o mundo.