Como parte da cobertura da III Conferência Nacional dos Comitês de Luta, o Diário Causa Operária realizou uma série de entrevistas com os militantes, ativistas e convidados presentes no evento. Entre elas, teve a de duas figuras ligadas aos sindicatos dos trabalhadores da educação do Brasil. Uma foi com Roberto Guido, da Diretoria Executiva da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), e a outra foi com Heleno Araújo, do CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação).
Heleno Araújo fez um grande elogio à organização do evento, dizendo que “Estão de parabéns o PCO e toda comissão organizadora por promover esse espaço para desenvolver a participação social efetiva nas nossas lutas”, destacando a importância de se fazer uma atividade verdadeiramente democrática de debate para discutir as questões envolvendo a educação pública.
Araújo também destacou a importância de se levar o debate que foi feito na Conferência para as ruas e os bairros, colocando todas as questões para a população em geral. Destacando, também, a importância de se estar nas redes sociais, mas nunca esquecendo que a luta é feita em meio à população, nas ruas. Como o próprio companheiro disse na entrevista “(…) não adianta querer fazer debates que as pessoas não veem”.
Ele também denuncia três do que ele considera os ataques mais graves da direita contra os professores e trabalhadores da educação: uma é o projeto de lei da educação em casa que, segundo ele, “é uma forma de descaracterizar o trabalho da educação pública presencial”. Outro ataque é o que ele chama de “lei da mordaça”, instaurada pela extrema-direita, que tem procurado pautar o que pode ou não ser dito dentro das salas de aula, promovendo perseguição contra professores de esquerda ou combativos. A terceira é a tentativa da direita de privatizar e sucatear todo o ensino público brasileiro.
Roberto Guido também foi entrevistado e ele começa sua fala explicando como foi o processo da unificação de sua corrente com a corrente Educadores em Luta para as últimas eleições sindicais na APEOESP.
Segundo Guido, a unificação não foi fruto de uma questão eleitoral momentânea, mas algo que vinha sendo construído há algum tempo. Ele completa dizendo que os Comitês de Luta tiveram um papel fundamental nessa unificação, já que foi uma proposta feita pelos militantes dos Educadores em Luta e logo incorporadas à direção da APEOESP e que possibilitou uma série de lutas entre os professores. Como as reivindicações dos professores durante a pandemia e outras questões.
Além disso, Guido menciona a importância de se organizar os setores mais conscientes e combativos da classe trabalhadora para um enfrentamento contra uma direita com a qual o governo do PT fez acordos para procurar “derrotar o fascismo”. Setores esses que “não têm os mesmos interesses da classe trabalhadora”, como disse Guido.
Com relação aos ataques contra a educação, ele destaca a necessidade de se lutar pela revogação da reforma do Ensino Médio, além de denunciar que o atual governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, prevê um corte de 30% nas verbas da Educação, sob o pretexto de repassá-las para a saúde, o que é um argumento absurdo, visto que ambas as áreas precisariam de investimentos, segundo colocado pelo diretor da APEOESP.
Ele finaliza destacando a importância de se levantar uma luta contra os ataques feitos contra a organização sindical dos trabalhadores. Ele denuncia o fim das despesas de ponto para a reunião dos sindicatos, os assédios aos quais estão submetidos os militantes sindicais e outras questões. Ressaltando sempre a importância de que os outros movimentos sociais se juntem à luta pela organização sindical de toda a classe trabalhadora.
A presença dos profissionais da educação e seus representantes sindicais na III Conferência Nacional foi marcante e é um demonstrativo do avanço da consciência desse setor. É fundamental que lideranças como Roberto Guido e Heleno Araújo participem dos debates feitos na atividade e levem para seus setores todas as questões colocadas.