No último dia 6 de junho, o jornalista Moisés Mendes publicou uma coluna no portal Brasil 247 chamada “A fila está andando”. Fundamentalmente, pegando como gancho a cassação de Deltan Dallagnol, o texto defende que a justiça será feita contra a extrema-direita. Segundo ele, Deltan foi o primeiro, em breve será Moro, Bolsonaro e outros.
Moisés Mendes está iludido com alguns acontecimentos. A cassação de Dallagnl, por exemplo, seria mesmo um grande sinal de que o Judiciário brasileiro está disposto a cumprir um papel progressista? Certamente não. O correto seria aposto no contrário: a cassação vai, primeiro, reforçar o poder do Judiciário para cassar mandatos e intervir em outros poderes, o que invariavelmente se voltará contra a esquerda; segundo, uma cassação como essa pode surtir um efeito contrário e fortalecer a “vítima”, talvez não aconteça no caso Deltan, mas pode acontecer.
No caso de Bolsonaro essa será uma enorme possibilidade. É importante lembrar que ele teve metade dos votos do País, a pior coisa que poderia acontecer é o Judiciário passar por cima de direitos democráticos para atacar Bolsonaro, isso certamente fortaleceria suas posições políticas.
“As circunstâncias são terríveis para os que aguardam o desfecho de seus casos na Justiça Eleitoral ou estão sob o cerco da Polícia Federal ou enfrentam investigações e processos em outras frentes. Chegaram ao ponto do não retorno.”
O mais interessante do texto de Moisés Mendes é sua ilusão no Judiciário e nas instituições capitalistas. Se Bolsonaro, Moro e cia vão ser punidos, isso é apenas um detalhe da história. A questão é saber se o Judiciário está mesmo interessado em fazer coisas boas e cumprir um papel progressista. Para acreditar nisso somos mesmo estando cego.
Moisés Mendes já esqueceu que foram essas mesmas instituções que deram o golpe e que prenderam Lula. Agora, elas viraram defensoras da democracia, ele acredita, inclusive que o TSE “defende a eleição”. Defende tanto que, em 2018, impediu Lula de se candidatar. Defende tanto que, em 2022 não fez absolutamente nada contra a ação da Polícia Rodoviária Federal que tentou impedir eleitores de irem votar.
As ações do Judiciário e da Polícia Federal contra direitista não passam de manipulação da situação. Ainda que alguns personagens da direita como Deltan, Moro e até mesmo Bolsonaro possam ser rifados, o que está sendo preparado é um regime ditatorial que é a continuação do golpe de 2016. Um regime em que todos os direitos democráticos estão sendo suprimidos e o Judiciário passa por cima da lei.
A fila pode estar andando, mas seria bem desagradável quando descobrirmos que a esquerda também está na fila e nem percebeu.
As ilusões nas instituições, a crença de que elas resolverão os problemas quando, na verdade, elas são a principal fonte dos problemas é o que permite a manipulação até mesmo de pessoas que seriam formadores de opinião como o jornalista que escreveu o artigo.