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Posição pró-imperialista

MRT recorre ao “nem nem” para atacar Maduro

A política do Esquerda Diário acerca de Maduro é um perfeito exemplo do que de fato é o “nem nem”: nem nacionalista e nem marxista, pró imperialista!

A visita de Maduro ao Brasil foi um divisor de águas, todo o bloco golpista, da extrema-direita bolsonarista até a esquerda pseudo revolucionária se unificou. Os mais “corajosos” como o PSTU saíram em ataque direto à Maduro com artigos parecendo editoriais do Estado de S. Paulo. Outros grupos, com medo de se demonstrarem muito pró-imperialistas, adotaram a política do “nem nem”, no caso nem Maduro e nem imperialismo, como se isso fosse possível. Foi o caso do MRT, em seu texto “Atacado pelo imperialismo, o regime de Maduro apoiado por Lula não tem nada de socialista”. É um exemplo perfeito de como o “nem nem” é na realidade o pró-imperialismo dos covardes. 

O subtítulo já dá o tom do texto: “Greves e manifestações tem sido uma constante nos últimos anos na Venezuela. Em abril e maio desse ano os trabalhadores foram às ruas contra o congelamento do salário-mínimo em 5 dólares. Na periferia de Caracas, mobilizações aconteceram contra execuções policiais. É preciso denunciar o caráter reacionário da repressão de Maduro, e o apoio de Lula a esse regime, ao mesmo tempo que rechaçamos as investidas imperialistas na Venezuela e os ataques da direita.” O foco do texto não é como a Venezuela é atacada pelo imperialismo mas sim um ataque ao governo Maduro, enquanto esse está sofrendo um bloqueio econômico gigantesco dos EUA.

Sobre a crise econômica no país, causada justamente pelo ataque imperialista, o MRT afirma: “o povo venezuelano é obrigado – por um regime fortemente apoiado nos militares – a amargar os custos da crise.” Aqui o partido ecoa as crítica da imprensa burguesa. O governo Maduro é autoritário, apoiado nos militares, algo que sem explicação até remete às ditaduras militares de direita latino-americanas. É um absurdo. Maduro se sustenta sob a ampla mobilização das massas, todas as semanas há grandes manifestações de trabalhadores em algum local do país, e para além dos militares existem também as Milícias Populares Bolivarianas, ou seja, uma enorme parcela da população está armada. Vale lembrar o caso em que a milícia de pescadores impediu uma invasão de mercenários norte-americano em 2020.

O texto então segue usando exatamente o mesmo argumento da imprensa dos EUA: “Maduro sempre utilizou o discurso, reproduzido por Lula recentemente, as sanções eram a causa da brutal crise econômica e social, quando na verdade esta começou muito antes, quando decidiu, a partir de 2014, esvaziar as reservas do Estado para pagar uma dívida externa fraudulenta no momento em que os preços do petróleo despencaram, enquanto outra sangria acontecia pela fuga de capitais.” Mais importante que atacar as sanções criminosas que estrangulam o país é atacar as supostas políticas econômicas erradas que teriam levado a uma crise em 2014. É a política do golpe, o imperialismo destrói a economica, mas a culpa é de Maduro, e por isso é preciso lutar contra o governo. A cartilha do MRT aqui podia ter sido retirada do manual da CIA.

E além disso, de alguma forma, o país com os maiores e mais constantes atos de rua da América do Sul, o único em que a direita não retomou o poder com um golpe de Estado apoiado pelo imperialismo, seria um país ditatorial: “O ataque levado a cabo pelo governo contra os trabalhadores nos últimos anos tem sido brutal, com políticas abertamente neoliberais e até encarceramento de ativistas e sindicalistas que se opõem às medidas de ajuste patronal.” A verdade é que o “ditador Maduro” e seu partido se sustentam sobre uma ampla mobilização popular e inclusive venceram 27 de 29 eleições nos últimos 24 anos. O Maduro do MRT se assemelha a FHC, impondo uma política neoliberal e reprimindo sindicalistas. Se isso fosse verdade ele não teria um prêmio de 15 milhões por sua cabeça nos EUA, pelo contrário, seria o homem do ano na Times, como Zelensky.

Outro erro grotesco do MRT é a análise sobre os governos dos EUA: “Mas, do ponto de vista do imperialismo, hoje a posição exercida pelo partido democrata possui maiores meandros, recuando da política de Obama (que categorizava o regime venezuelano como uma ameaça à segurança nacional dos EUA) e das sanções levantadas por Trump, como, por exemplo, no acordo de exportação de petróleo assinado no começo da Guerra da Ucrânia.” O atual presidente dos EUA Joe Biden, representa o setor mais imperialista em relação à América Latina, foi ele o responsável pela política externa dos golpes que se iniciaram em 2009 em Honduras, incluindo o golpe de 2016 no Brasil, e as diversas tentativas de golpe na Venezuela. A diferença é que o imperialismo está enfraquecido, prova disso é que não conseguiu impedir o retorno de Lula ao governo.

O artigo então expressa todo o pró-imperialismo do MRT: “A situação do povo venezuelano é trágica já há muitos anos, sendo destruídas, como nunca antes, suas conquistas salariais, previdenciárias e trabalhistas, pulverizando os salários, com verdadeiros pacotes neoliberais.” A Venezuela é um país pobre e de fato o povo sofre, como na maior parte do planeta, mas colocar a culpa em Maduro é uma ingenuidade sem tamanhos ou, no caso do MRT, um golpismo clássico da esquerda pequeno burguesa. A culpa da pobreza não é da direita que governou o país por décadas, das petroleiras estrangeiras, do imperialismo que impede Maduro de governar, mas sim do governo nacionalista, que luta contra todos esses. O MRT invés de travar essa luta, fortalecendo assim o caráter anti-imperialista do governo, se posiciona contra essa confundindo a esquerda e portanto enfraquecendo o governo ante os ataques imperialistas. 

O MRT reivindica o trotskismo, inclusive rementendo ao revolucionário bolchevique no texto em sua análise do governo bolivariano: “um típico caso de bonapartismo sui generis que Trótski narra para os países latino-americanos”. Vale então relembrar o que Trótski falou sobre os governos latino americanos. O seguinte trecho foi retirado de uma entrevista concedida por Trótski em 1938 no auge da ditadura do Estado Novo de Vargas:

“Existe atualmente no Brasil um regime semi-fascista que qualquer revolucionário só pode encarar com ódio. Suponhamos, entretanto que, amanhã, a Inglaterra entre em conflito militar com o Brasil. Eu pergunto a você de que lado do conflito estará a classe operária? Eu responderia: nesse caso eu estaria do lado do Brasil “fascista” contra a Inglaterra “democrática”. Por quê? Porque o conflito entre os dois países não será uma questão de democracia ou fascismo. Se a Inglaterra triunfasse ela colocaria um outro fascista no Rio de Janeiro e fortaleceria o controle sobre o Brasil. No caso contrário, se o Brasil triunfasse, isso daria um poderoso impulso à consciência nacional e democrática do país e levaria à derrubada da ditadura de Vargas. A derrota da Inglaterra, ao mesmo tempo, representaria um duro golpe para o imperialismo britânico e daria um grande impulso ao movimento revolucionário do proletariado inglês.”

Portanto, mesmo que a versão do “ditador Maduro” do MRT, retirada da CNN, fosse verdadeira, mesmo se Maduro se enquadrasse no que Trótski chamou de “bonapartismo sui generis”, o correto no atual momento em que existe um claro confronto da Venezuela com o imperialismo seria apoiar Maduro. Contudo, o marxismo passa longe da esquerda pequeno burguesa. O MRT provavelmente apoia suas análises não em Trótski, mas nos teóricos universitários que ecoam a ideologia imperialista pintada de vermelho.

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