A atual situação política do Brasil exige uma resposta vigorosa por parte dos setores de esquerda. É inegável a intensa oposição entre o governo Lula e o congresso, além da crescente reação da imprensa burguesa. Diante desse cenário crítico, é crucial buscar iniciativas que mobilizem e unam os setores progressistas do país.
É imperativo levar essa discussão aos bairros populares e tomar medidas concretas de organização e mobilização. Com esse propósito em mente, a realização da Conferência Nacional dos Comitês de Luta tem como objetivo impulsionar, inicialmente, uma mobilização entre os setores mais ativos, para, posteriormente, ampliar essa discussão e mobilização para setores mais amplos da sociedade. No entanto, reconhecemos que essa é uma falha significativa da esquerda, em especial do PT, que tem deixado de impulsionar a mobilização nas bases populares e nas massas.
A Central Única dos Trabalhadores, a Central de Movimentos Populares e o PCdoB, partido que apoia o governo do PT e fez parte da coligação, são atores fundamentais nesse debate que, infelizmente, não tem sido adequadamente realizado. Para alcançar uma participação significativa, é necessário abrir espaços de discussão nos setores populares, como sindicatos, fábricas, assentamentos do MST e movimentos populares de sem-teto. Um amplo debate sobre a situação política nacional é essencial para conscientizar e engajar as pessoas.
Vale ressaltar que a mobilização das massas não é possível sem uma discussão aberta e esclarecedora sobre os acontecimentos do país. Nos momentos de grandes mobilizações passadas, essa discussão abrangente ocorreu nos setores populares, nos bairros e nos locais de trabalho. Infelizmente, essa dinâmica está ausente no momento atual. Observa-se nas universidades uma excessiva preocupação com questões identitárias, que não promove a mobilização em massa. Essa abordagem, além de equivocada, é reacionária, pois exclui a maioria das massas. Para alcançar uma verdadeira mobilização popular, é fundamental discutir temas relacionados aos interesses fundamentais das pessoas, como trabalho, emprego, política neoliberal, privatizações, orçamento público, dívida pública e altas taxas de juros. O Brasil enfrenta um retrocesso econômico evidente, com acelerada desindustrialização, o que gera uma série de problemas sociais. Esse retrocesso foi impulsionado pela política liberal, sobretudo no governo anterior, que agora busca impor a Lula uma racionalidade econômica que é responsável pela situação atual. É preocupante que aproximadamente sessenta milhões de pessoas dependam do Bolsa Família para sobreviver, mostrando que o país não pode se sustentar apenas com assistência social. Devemos lutar pela criação de empregos e por salários dignos, mesmo nas regiões economicamente mais desenvolvidas, como São Paulo, onde uma parcela expressiva da população vive em condições precárias.
O Brasil atravessa uma crise histórica, um retrocesso econômico após um período de crescimento. Diante desse contexto desafiador, é fundamental abrir um amplo debate com ativistas e outros fóruns nacionais para discutir esse grave problema e buscar propostas de mobilização que alcancem as bases. Nos últimos meses, temos trabalhado incansavelmente para convocar e engajar as pessoas nessa causa. A 3º Conferência Nacional dos Comitês de Luta será uma alavanca para o movimento popular de luta.