Hoje (02), técnicos-administrativos em educação da Universidade de Brasília (UnB) iniciaram greve após assembleia realizada na segunda-feira (29). A mobilização tomou forma logo após decisão de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que cortou mais de 26% do salário da categoria.
O Diário Causa Operária (DCO) recebeu a denúncia de um técnico-administrativo da UnB afirmando que professores da instituição estão tentando desmoralizar a categoria para, assim, desmobilizar a greve – algo comum em vários departamentos das universidades no geral.
Confira, abaixo, a carta na íntegra:
Na UnB a regra é a obediência aos ditames dos docentes que lá exercem domínio completo de todas os conselhos administrativos, de todas as instâncias superiores e de tudo que pode se dizer organizativo dentro da fundação universidade de brasília. Recentemente, após o movimento de greve dos técnicos na UnB decretar greve na assembleia do dia 29 de maio, diretores, decanos e docentes tem desrespeitado os técnicos, desmobilizando o movimento.
As denúncias mais comuns são de assédio e de coação entre os corredores para que os servidores não façam a adesão à greve, dizendo que “vários servidores não aderirão”. No entanto, a realidade mostra que a maioria dos servidores aderirá à greve devido ao ataque aos salários e que nos põe, já mês que vem, sob risco de insegurança alimentar. Isso foi demonstrado na última assembleia com mais de 1000 servidores que decretaram de forma unânime a greve, para que surja efeitos passados o prazo de 72 horas conforme a Lei de Greve 7783 Art. 13.
Mais de 90% dos professores mantém suas atividades laborais como se não houvessem técnicos dentro da universidade e como se não houvessem problemas políticos que afligem a categoria mais desprotegida da instituição, que hoje acumula quase 8 anos sem reajuste e é uma das piores carreiras do serviço público federal. Os técnicos sofrem dentro do seu ambiente laboral com afazeres estranhos à sua natureza, servindo como empregados dos professores nas tarefas laborais que são obrigações dos docentes em grande medida. Os técnicos vivem adoecidos devido às jornadas insalubres e sem equipamentos de proteção.
Os diretores têm cortado ponto, impedido os técnicos de participar das assembleias do sindicato, impedindo diretores sindicais de participar das atividades do sindicato e perseguindo os técnicos que não correspondem às demandas pessoais na figura de diretor, docente e etc. na gestão pública da UnB.
Em vários grupos de disciplinas ministradas, alunos têm relatado que os professores estão em coro dizendo que “as aulas irão continuar e que a UnB funciona sem os técnicos”. No entanto, em episódio recente, professores que estão em aula, contrariando o apoio à greve dos técnicos, estão abrindo Processos Administrativos Disciplinares – PAD contra técnicos que já estão adoecidos em seus ambientes de trabalho e não conseguem mais realizar suas atividades, uma clara coação a não adesão.
Na assembleia do dia 29, foi decido, após o prazo de 72 horas, nova assembleia a ser feita em oportunidade na reunião do Consuni, que é o conselho máximo da universidade que decide assuntos importantes como, inclusive, a nossa pauta de greve. A reunião ocorrerá às 14:00 horas na reitoria com a presença dos membros do Consuni, o corpo de técnicos convocados para a assembleia e os alunos.
A assembleia será um grande divisor de águas entre aqueles que defendem a REPRESSÃO dos servidores por conta da redução do salário e quem defende nosso movimento legítimo em defesa de nossa segurança alimentar, de nossa saúde e de nossa vida. Trata-se de uma questão política de classes no qual os privilegiados da fundação hoje são aqueles que se organizam para impedir o movimento natural de melhoria do trabalho devido ao processo de precarização do ensino público.
O que está dito com essa cassação da liminar MS 28819/DF é que passem fome e se desesperem os ativos e aposentados da UnB. Mais de 4 mil servidores são afetados por essa decisão monocrática do ministro Gilmar Mendes de retirar 26,05% dos salários dos servidores, mais de um quarto dos salários será cortado e muitos não sabem nem o que vão fazer mês que vem quando o salário cair sem a URP. O trabalhador atacado com redução de trabalho é uma vítima generalizada do sistema bancário e da ditadura da burguesia de privilegiar os pagamentos dos juros da dívida pública aos bancos em detrimento dos salários dos servidores, utilizando-se da alta burocracia estatal que não mede esforços para garantir aumentos de salários e privilégios de cargo, para fazerem a política de austeridade de cortes de salários utilizando-se da justiça burguesa para penalizar os trabalhadores.
Nossa pauta é legítima, contra a fome a carestia, contra o corte de salários e o abuso no ambiente de trabalho, contra os assédios e toda bandalheira contra os trabalhadores mais precarizados na UnB.
GREVE JÁ!