Na última segunda-feira (29), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, realizou visita oficial ao presidente Lula e, na terça-feira, participou do encontro com outros 10 homólogos de países da América do Sul no Palácio do Itamarati com objetivo de estabelecer uma agenda de cooperação regional e refundar a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL). A presença do líder venezuelano no Brasil revoltou os deputados bolsonaristas do PL, Nikolas Ferreira e Zé Trovão, que se revelaram verdadeiras tchutchucas do Tio Sam ao exigir providências do governo dos Estados Unidos.
Um ofício assinado por Zé Trovão foi encaminhado à embaixadora norte-americana em Brasília, Elizabeth Frawley Bagley, informando sobre a presença de Maduro em solo brasileiro e solicitando orientações para capturar o “ditador” venezuelano, que foi acusado pelo Procurador-Geral dos Estados Unidos, Willian Barr, dos crimes de narcotráfico, terrorismo internacional e corrupção. Em suas contas oficiais do Twitter e Instagram, Trovão exigiu providências do governo dos Estados Unidos, não somente contra o presidente da Venezuela, mas também a Lula por recebê-lo no País.
Assim como fez seu correlegionário, Nikolas Ferreira, que também enviou ofício à Embaixada dos Estados Unidos denunciando o paradeiro de Maduro, a quem se referiu como foragido, e informou que, nos quatro anos que antecederam o novo governo Lula, que o líder venezuelano esteve impedido de entrar no Brasil. Em inglês, na sua conta oficial do Twitter, Ferreira publicou a agenda de compromissos de Maduro no Brasil e marcou os perfis do Departamento de Estado norte-americano, da Casa Branca e da DEA.
As acusações contra Nicolás Maduro não podem ser levadas a sério, as drogas são um velho pretexto dos Estados Unidos para legitimarem operações criminosas contra governos nacionalistas. Não por acaso, pesa contra o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, as mesmas acusações. O regime de Cuba também foi acusado por décadas de contribuir com narcotráfico. Muito estranhamente, não existe nenhuma acusação desta natureza contra Jair Bolsonaro, mesmo após a apreensão, em viagem à Espanha, 39 kg de cocaína no avião presidencial.
Os patriotas de araque ao recorrerem a medidas do governo dos Estados Unidos contra Lula e Maduro, demonstraram sua relação servil para com o imperialismo. Esse patriotismo de fachada já havia se revelado quando, em solo norte-americano, Bolsonaro protagonizou uma cena patética batendo continência para a bandeira dos Estados Unidos. Finalmente, os bolsonaristas, assim como todo espectro da direita, estão no bolso do imperialismo. É preciso destacar também que os identitários, que Nikolas Ferreira diz combater, estão unidos contra o presidente Maduro, bem como, o governo de Daniel Ortega e o regime de Cuba. E que o identitarismo é uma política que é importada dos Estados Unidos, a verdadeira pátria dos bolsonaristas.