Desde que a China rompeu com Washington nas questões que tangem a uma diplomacia mais suave, em agosto de 2022, devido às interferências de autoridades americanas em Taiwan, como o caso Nancy Pelosi, o país iniciou uma etapa de grande envergadura, desde a aliança militar com Rússia e Irã, exercícios militares mais constantes e aprofundamento da diplomacia com países historicamente aliados dos Estados Unidos como a Arábia Saudita.
Consolidando a posição de enfrentamento mais direto da China frente ao imperialismo, nesta quarta-feira (31), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, exigiu que os EUA parem de sobrevoar o Mar do Sul da China com aviões espiões, classificando essas manobras como “provocações perigosas”. A declaração foi feita um dia depois que o Comando do Indo-Pacífico dos EUA acusou um piloto chinês de quase causar uma colisão ao agitar seu caça em frente a um avião de reconhecimento americano no espaço aéreo internacional acima do Mar do Sul da China. De acordo com Ning, os EUA estão prestes a assinar o primeiro lote de acordos com a região chinesa de Taiwan sob a “Iniciativa EUA-Taiwan sobre o Comércio do Século XXI”. Essa iniciativa não passa de um acordo político sob o disfarce da economia e do comércio.
Para justificar essa atuação agressiva por parte do imperialismo, o Pentágono classificou a China como “o desafio mais consequente e sistêmico” à segurança nacional dos EUA, tendo pronta resposta de Pequim, que respondeu essa bravata como desculpa para expandir o arsenal nuclear de Washington e manter sua hegemonia militar. Após esse episódio, Xi pediu a seus chefes de segurança que criem “autoconfiança estratégica”, melhorem a coordenação de suas operações e utilizem tecnologia mais avançada, que acelerem a elaboração de tecnologias militares. Xi pediu um monitoramento aprimorado em tempo real das ameaças à segurança, um melhor sistema de alerta precoce e melhor manuseio de dados de computador e inteligência artificial (IA).
A resposta chinesa
Segundo a imprensa estatal chinesa, a Xinhua, o presidente Xi Jinping, presidindo a primeira reunião da Comissão de Segurança Nacional do 20.º Comité Central do PCCh na terça-feira (30), enfatizou a necessidade de implementar plenamente os princípios orientadores do 20º Congresso Nacional do PCCh, compreender profundamente as circunstâncias desafiadoras que a segurança nacional enfrenta, compreender adequadamente as principais questões de segurança nacional e acelerar os esforços para modernizar o sistema e a capacidade de segurança nacional do país, de modo a salvaguardar o novo padrão de desenvolvimento com uma nova arquitetura de segurança e abrir novos caminhos para o trabalho de segurança nacional.
Durante o Congresso, foi destacado que a comissão leve adiante o espírito de luta e desenvolva “a abordagem holística da segurança nacional, bem como os sistemas legais, estratégicos e políticos de segurança nacional de forma constante”. O Congresso deliberou que seja feito funcionamento efetivo dos mecanismos de coordenação do trabalho de segurança nacional, que tenha cobertura aos comitês locais do PCCh em todo o país, “salvaguardando a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento e fortalecendo a segurança nacional de maneira integral”. Isso será organizado com base na “complexidade e a gravidade dos problemas de segurança nacional enfrentados por nosso país aumentaram dramaticamente”, afirmou Xi.
O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, tentou impedir o desenvolvimento de chips semicondutores avançados pela China, pelo menos em parte por causa de sua importância no avanço da tecnologia de IA. Essas medidas incluíram restrições às exportações de semicondutores e equipamentos avançados de fabricação de chips para a China. Com o aprofundamento da guerra comercial, a China proibiu as compras de produtos da Micron Tecnology a maior fabricante americana de chips de memória de computador, citando “riscos de segurança significativos”. Alguns observadores interpretaram a medida como uma retaliação aos esforços de Washington para conter a indústria de chips da China.
Esse confronto tende a piorar muito, já que, enquanto o G7 e o imperialismo entraram em profunda crise, os países oprimidos se colocam em contradição com os EUA, com estratégias mais robustas de enfrentamento, desde o fortalecimento de alianças militares até a formação de blocos econômicos como os BRICS+ e relações bilaterais que driblem as sanções e imposições imperiais. A China é o alvo principal do imperialismo do ponto de vista econômico, sendo permanentemente atacada sob a administração Biden, muito mais que durante o governo de Donald Trump, que era mais retórico que prático na promoção de sanções e terror como ameaças militares diretas. Não há dúvidas que essa crise coloque o enfrentamento contra o imperialismo como forma de desenvolvimento. Esse “despertar” tem sido observado desde o México até o Brasil, com Lula mais consciente dessa opressão do que nunca. Chegou o momento mais decisivo para os países oprimidos neste século, sendo que os BRICS vai dando a linha e criando musculatura.