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Diário de Cuba

Eduardo Vasco responde dúvidas de internautas sobre Cuba

Por meio das redes sociais do Diário Causa Operária e do Partido da Causa Operária, Eduardo Vasco respondeu, diretamente de Cuba, dúvidas comuns sobre a ilha

Nos últimos dias, por meio das redes sociais do Diário Causa Operária (DCO) e do Partido da Causa Operária (PCO), internautas tiveram a oportunidade de tirar as suas principais dúvidas acerca de Cuba, um dos únicos Estados operários de todo o mundo: fizeram perguntas que foram enviadas diretamente para Eduardo Vasco, correspondente do DCO na ilha caribenha.

No presente artigo, Vasco responde algumas das dúvidas recebidas por meio de uma entrevista. Por conta do volume do material recebido, em edição futura, o jornalista responderá a outras perguntas enviadas pela Internet.

Confira:

@renato_s_q via Instagram: Qual a disparidade social entre um empresário e o resto da população, por exemplo?

Eduardo Vasco: Em Cuba, após o fim da URSS, o recrudescimento do bloqueio levou as pessoas a fazerem negócios pessoais clandestinos e isso se tornou tão grande que o governo teve de legalizar isso há uns 15 anos. Surgiram então os trabalhadores por conta própria, ou micro empreendedores. A maioria poderíamos comparar com a classe média baixa no Brasil. São no máximo de classe média, podemos dizer assim. Eles têm uma renda maior, não passam tantos perrengues por não sobreviverem dos subsídios do Estado, conseguem morar em uma casa maior e juntar dinheiro para reformá-la. Esses nós poderíamos dizer que são os empresários cubanos, pelo menos até onde eu conheço. Empresários ricos de verdade que estão em Cuba são estrangeiros, mas creio que não vivem no país, apenas têm negócios na ilha.

@gabrielmarques_p e @pedrozanchettin via Instagram: Como funciona o sistema de saúde de Cuba?

Eduardo Vasco: a resposta a essa pergunta pode ser lida no seguinte artigo:

@marcosandrelessa via Instagram: As pessoas podem falar livremente sobre política ou há um receio, como na ditadura?

@vitor.guilarducci via Instagram: A população apoia o regime em vigor?

@p2info via Instagram: Mostra como é a liberdade de expressão lá.

Eduardo Vasco: Uma coisa impressionante é que há muitas críticas ao governo do Díaz-Canel e elas são expressas no dia a dia, nas conversas de rua, no ônibus e pelas pessoas que entrevistei, mesmo os que se consideram revolucionários. Eu sinto que não existe nenhum impedimento de expressar a opinião, e mesmo a polícia não é ostensiva, ela é bem tranquila e não utiliza equipamentos como armas de fogo, escudos os cavalos para assustar o povo. A minha impressão é que há muita liberdade de expressão.

Muita gente não apoia o Díaz-Canel porque acha que a gestão dele não é boa. Estavam acostumados com a liderança do Fidel ou mesmo do Raúl Castro e o Canel nao é igual, obviamente. Ele também pegou um período bem difícil, com a COVID e o recrudescimento do bloqueio, a crise energética mundial, a guerra na Ucrânia etc. Já vi críticas da reforma monetária de alguns anos atrás que unificou as moedas e já ouvi gente dizendo que o Canel é um fantoche do Raul Castro e dos militares. Ha uma diversidade de opiniões. Mas me parece que não são muitos os que querem a queda do sistema político, econômico e social e a implantação do capitalismo.

Tudo o que há de ruim no dia a dia é atribuído ao governo, porque para eles o governo tem a obrigação de cuidar direito do povo, mesmo em situação de crise. Falei da reforma monetária que não foi ele que fez e que, segundo eles [o povo], reduziu o poder de compra e falei da falácia de que seria um fantoche. Atualmente a inflação está enorme, não há leite para adultos na caderneta de descontos do governo, quase não há combustível e isso é atribuído ao governo, não só ao bloqueio, porque acreditam que o governo poderia fazer uma melhor gestão para atenuar esses efeitos.

De fato, após a COVID, há cerca de um ano, a situação econômica em Cuba piorou muito, porque todo o dinheiro do país teve de ser gasto com a saúde e o país ficou sem dinheiro porque o bloqueio impede Cuba de conseguir divisas, faz com que gaste muito mais do que o normal tendo que comprar da China, por exemplo, ao invés de comprar dos EUA e muitas outras dificuldades. Díaz-Canel deu azar de pegar um país na pior situação em que ele já esteve após o triunfo da revolução, que para alguns é ainda pior do que a crise dos anos 90 com a pobreza generalizada após a queda da URSS.

@stuart_scolari via Instagram: Eles sabem a respeito das pautas “identitárias” de “esquerda” e, se sim, como reagem a elas?

Eduardo Vasco: Com quem eu conversei sobre isso, acham uma besteira. Isso não significa que não defendam os direitos dos gays etc., eles defendem.

@manaconcelos via Instagram: Como funciona a segurança dos bairros em Cuba?

Eduardo Vasco: Os bairros são protegidos pela polícia, que tem uma relação estreita com os moradores, inclusive de camaradagem. E também pelos Comitês de Defesa da Revolução, que se organizam por ruas em cada bairro, e os CDRs inclusive fazem um pouco do trabalho de polícia no sentido de bloquear a criminalidade.

@lucas_muraro_p via Instagram: Qual é a primeira coisa que vem na cabeça de um cubano quando pergunta o que ele acha do Brasil?

Eduardo Vasco: As novelas da Globo. Ainda hoje elas são uma febre no país, para todas as idades. Dizem por aqui que tudo para quando a novela da Globo começa, e é por aí que eles conhecem o Brasil. Por isso acham que o nosso país é uma maravilha, com o Carnaval, as praias e as mulheres – que é só o que a Globo mostra.

@ricardoarno via Twitter: Como o povo cubano se sente sendo a pedra no sapato dos EUA? Mesmo sabendo que o embargo econômico criminoso é um preço enorme a pagar.

Eduardo Vasco: Muitos se sentem orgulhosos, mas eles sabem que isso gera um sofrimento e querem que o bloqueio acabe.

@FelipeRAG via Twitter: Como Cuba lidou no passado e lida atualmente com a situação de moradores de rua?

Eduardo Vasco: dá para contar nos dedos e são pessoas que, geralmente, tem dependência de álcool ou problemas psicológicos, porque o governo dá moradia a todos desde o triunfo da revolução e, em situação extrema, há albergues.

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