Na esteira da recente prisão do ex-primeiro ministro, dos protestos que se seguiram a ela, tomando as ruas do Paquistão, e das prisões de dirigentes do Movimento Paquistanês pela Justiça (PTI), partido do qual Imran Khan é fundador e presidente, novos acontecimentos apontam que a crise política no país asiático não tem data para terminar. A Suprema Corte paquistanesa declarou que a prisão de Khan se deu de forma ilegal, determinando sua soltura.
Sua prisão foi realizada pelo Escritório Nacional de Responsabilidade (NAB), órgão “anticorrupção” do Estado paquistanês, no dia 09 de maio, terça-feira, em ação que se assemelhou mais a um sequestro. Conforme relatado por este Diário, dezenas de agentes do NAB invadiram a Alta corte de Islamabad (onde Khan se encontrava para uma audiência), quebrando vidraças, e então o arrastaram até uma de suas viaturas, levando-o preso.
Diante da flagrante arbitrariedade, ilegalidade e ação abusiva dos agentes da NAB ao realizar a prisão, o PTI não teve alternativa senão convocar o povo paquistanês às ruas.
Após dois dias de intensos protestos, em que duas mil pessoas foram presas, dezenas feridas e ao menos onze mortas, a Suprema Corte declarou a ilegalidade da prisão de Imran Khan.
Apesar da determinação de que Khan seja solto, não está claro se será possível que o ex-premiê retorne imediatamente para sua residência, em Lahore, dada à perseguição política que está sofrendo e a situação de convulsão por que passa o país.
Conforme informa a Al Jazeera, a Corte Suprema instruiu Khan a ficar sob a “proteção policial” em Islamabad, no local para onde ele foi levado detido.
Diante da decisão judicial, o Ministro do Interior do governo paquistanês prometeu prender Khan novamente, desta vez por incitar os protestos violentos que se seguiram à sua prisão.
Azam Tarar, assessor do primeiro ministro Shehbaz Sharif governo criticou a Suprema Corte, dizendo que o Ministro Bandial (que proferiu a decisão) “deveria astear uma bandeira do partido de Imran Khan na Corte Suprema, ou ele deveria declara que a corte é um repartição do partido”.
Observando a situação paquistanesa, quais as lições práticas que podem ser tiradas para a situação brasileira? Diante de uma perseguição política, de caráter golpista a líderes populares, o único remédio é uma intensa e combativa mobilização popular. O povo nas ruas desestabiliza o regime, acirrando as contradições no seio das próprias classes dominantes, fazendo-os brigarem entre si, abrindo brecha para avanços dos trabalhadores, que já estão mobilizados. Apenas através da mobilização popular é possível conseguir resultados. Os trabalhadores devem confiar em suas próprias forças.