Um documento Situação dos Direitos Humanos no Peru, no contexto dos protestos sociais foi apresentado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), em abril (23), pelo atual governo peruano, repleto de informações falsas, colocando a população peruana como subversora da ordem democrática. O documento encontra-se no endereço eletrônico: oas.org/es/cidh/informes/pdfs/2023/Informe-SituacionDDHH-Peru.pdf
O documento foi a versão oficial fornecida pelas autoridades peruanas à CIDH e foi usado em pronunciamentos divulgados pela imprensa pró-imperialista a fim apresentar um discurso homogêneo de acordo com o interesse do imperialismo americano, porém contrário à realidade do extermínio a que estava sendo submetida a população peruana.
A versão que agrada ao imperialismo americano divulgado pela imprensa internacional não foi aceita pela população peruana, e em uma manifestação no aeroporto de Juliaca, “atiraram pedras e dispararam fogos de artifício caseiros contra as forças de segurança e entraram na pista do aeroporto”, porém há evidências de que os policiais responderam a estes atos “violentos” com força “desproporcional, violando a lei peruana e os padrões internacionais de direitos humanos”, conforme relatou o portal da Hrw Org.
“O governo peruano insiste em contar uma versão oficial dos eventos em Juliaca que as evidências contradizem”, como disse César Muñoz, diretor da Human Rights Watch (HRW) para as Américas. “Em vez de tentar minimizar ou desacreditar as crescentes evidências de abusos, a presidente Dina Boluarte deve reconhecer as graves violações dos direitos humanos em Juliaca e em outras partes do Peru, comprometer-se a garantir a prestação de contas, reparação e assistência médica às vítimas e tomar medidas imediatas para prevenir esses abusos. aconteça de novo.”
Desta maneira a HRW relatou uma entrevista com 26 testemunhas, advogados, promotores e parentes das vítimas em Juliaca e analisou 500 fotografias e 10 horas de gravação de vídeo (vídeos 1 e 2 citados nesta matéria) postadas nas redes sociais, bem como autópsias, relatórios balísticos e o arquivo criminal aberto e concluiu um verdadeiro massacre que foi divulgado em relatório publicado pela HRW em abril (26).
Foram confirmadas 15 mortes de 18 vítimas a bala, 3 mortes devidos a ferimentos causados projéteis de espingarda de uso policial. “Um total de 49 manifestantes e transeuntes foram mortos no contexto da resposta da polícia e das forças armadas às manifestações entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.
Os manifestantes eram trabalhadores rurais e indígenas do sul do país, que exigiam eleições antecipadas após a prisão do presidente eleito Pedro Castillo. Mais de 1.200 pessoas ficaram feridas em todo o país. Em maio (3) a CIDH publicou relatório concluindo que as forças de segurança usaram força excessiva em resposta a protestos e que algumas mortes poderiam ser consideradas execuções extrajudiciais.
Os representantes do governo peruano mentiram a esse respeito tentando “desviar a responsabilidade das forças de segurança”. Em janeiro (24), duas semanas depois do massacre, Boluarte disse que “não é a polícia que está atirando” e que “a maioria” dessas mortes foi causada por armas artesanais sugerindo que as armas entraram no Peru pela Bolívia e foram usadas para matar manifestantes, o que foi refutado pelo relatório da HRW como inexistente.