Mais uma votação foi concluída pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito do julgamento referente aos atos do dia 8 de janeiro. E, novamente, a Suprema Corte formou maioria para tornar réus no processo mais centenas de pessoas irrelevantes. Por 8 votos a 2, o colegiado decidiu adicionar mais 250 réus ao processo, somando um total de 550.
E quem são essas pessoas? Ninguém de fundamental importância para o regime político brasileiro. Nenhum membro do Alto Comando das Forças Armadas. Nenhum oficial de relevância. Nenhum membro da alta burocracia estatal do aparato de repressão (Policia Federal, Polícias Civis, Polícias Militares etc.). Ninguém.
Paralelamente, o Ministério Público Federal (MPF) não encontrou indícios de improbidade administrativa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e de seu ex-secretário de segurança pública, Anderson Torres, no que diz respeito aos eventos do dia 8 de janeiro.
Conforme o MPF, não se pode dizer que eles tiveram intenção de auxiliar ou participar dos atos. Esse mesmo entendimento foi aplicado a membros da alta burocracia do aparato de repressão do GDF, quais sejam:
- Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário-executivo de Segurança.
- Coronel Fábio Augusto, ex-comandante da PM-DF.
- Klepter Rosa Gonçalves, comandante da PM-DF.
- Jorge Eduardo Naime, ex-chefe de operações da PM-DF
Conforme devidamente analisado por esse Diário, os eventos do 8 de janeiro não foram uma tentativa imediata de golpe de Estado, mas uma operação política arquitetada pelo Alto Comando das Forças Armadas para desmoralizar e enfraquecer politicamente o governo, como parte da estratégia de aproximações sucessivas. A conivência explícita das forças armadas com os manifestantes que ficaram meses acampados em frente aos quartéis era indício claro de sua atividade conspirativa.
Apesar disto, a Suprema Corte e a PF só estão correndo atrás de peixe pequeno, nas investigações e processos judiciais referentes ao ocorrido em 8 de janeiro. Isto demonstra a farsa da Suprema Corte e seu combate à extrema-direita.
Por muito tempo a esquerda pequeno burguesa fez propaganda do STF e de Alexandre de Moraes como sendo a última barreira contra o avanço do fascismo. Agora, quando surge a oportunidade legal e jurídica de responsabilizar criminalmente os principais fascistas do país (o Alto Comando das Forças Armadas), eles lavam as mãos e perseguem pessoas comuns.
Isto demonstra não apenas a farsa que é o STF, mas também o seu conluio com as forças armadas.
Ademais disto, deixa às claras a fragilidade do governo Lula perante essa crise política. Por meio das instituições, o governo não tem absolutamente nenhuma base para “levar à justiça” os militares e quaisquer tentativas golpistas e conspirativas que possam ser realizadas contra seu governo e contra o povo brasileiro.
Portanto, já passou da hora de o governo e da totalidade da esquerda parar de depositar suas esperanças nas instituições do Estado burguês, para que elas combatam o avanço da extrema direita. O Estado burguês jamais irá combater o avanço do fascismo.
O que o governo Lula deve fazer é se apoiar nas massas, em especial na classe trabalhadora. Apenas uma mobilização de massas dos trabalhadores da cidade e do campo, guiando o restante do povo brasileiro, poderá barrar qualquer tentativa golpista contra o governo.