Nesse dia 8 de maio, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, publicou uma coluna no jornal Poder 360, intitulada Base fake votando projeto fake. O artigo serve de alerta para a esquerda, o PT e o governo Lula justamente porque Cunha, um dos principais artífices do golpe de Estado, defende a tese de que o governo atual de Lula tem uma fragilidade muito parecida com o de Dilma quando foi derrubada, no que diz respeito ao apoio no Congresso Nacional.
Cunha afirma que a derrota do governo em votação no dia 3 de maio revela números muito parecidos com as derrotas sofridas por Dilma, foram 136 votos favoráveis ao governo, os mesmo 136 votos que o candidato de Dilma à presidência da Câmara obteve quando Cunha foi eleito. O próprio Cunha conclui da seguinte maneira: “a base do governo na Câmara é tão fake quanto era com Dilma em seu 2º mandato”.
Qual a importância dessa colocação de Eduardo Cunha? Está muito menos nos números, embora eles sejam importantes, do que no perigo político que ela representa.
Com esse artigo, Cunha está sinalizando para a direita que é possível ir para cima do governo. Ele está mostrando que, do mesmo jeito que conseguiram articular o golpe em 2016, podem conseguir agora.
Eduardo Cunha, por experiência própria, sabe que o apoio que o governo conseguiu no Congresso não tem uma base real, é o que ele chama de “fake“. Ele explica inclusive que a distribuição de cargos e ministérios não é suficiente para que o governo conquiste apoio real.
Esses fatos deveriam servir de alerta para o governo e derrubar, de uma vez por todas, todas as ilusões que tem nos acordos com a direita. Como sempre dissemos, o problema essencial não são os acordos, mas a ausência de base para esses acordos. Quanto mais o governo cede, mais a direita cresce e mais ela vai querer. Sem força real, esses acordos são desfavoráveis, mas o governo continua acreditando que eles são a solução do problema, o que pode custar caro como custou das outras vezes.
Os muito fanáticos pela política de conciliação poderão argumentar que os números apresentados por Cunha são apenas números e podem mudar de uma votação para outra. Claro que os números dependem da situação política mais ou menos favorável, claro que Lula não é Dilma. Mas nenhuma explicação é o suficiente para esconder o fato de que o governo está numa situação muito delicada e é preciso reagir.
A reação só pode vir se o governo se apoiar numa base real, que nesse caso é uma mobilização popular. Lula precisa chamar as massas para defender os seus interesses materiais, colocar em marcha um programa popular capaz de mobilizar o povo.
A esquerda não deve cometer os mesmos erros de 2016, é preciso reagir quanto antes. Os golpistas estão preparando mais um golpe e o artigo de Cunha deixa isso claro, não apenas o artigo, mas a própria situação política do País.