Uma nova era de obscurantismo se anuncia com a política do imperialismo mundial de estabelecer o controle absoluto da informação, eliminando toda a dissidência, ainda que mínima, tanto nos meios tradicionais da imprensa, quanto na Internet. O controle da informação e a censura constituem elementos centrais da política do imperialismo, que este busca impor ao conjunto dos países do mundo.
Essa política está sendo implementada sob a justificativa de combate às chamadas fake news, utilizando-se, inclusive, de diversas ONGs imperialistas espalhadas pelo mundo para fazer propaganda e financiar setores, inclusive de esquerda, para o combate às supostas notícias falsas e discurso de ódio. Sob essa aparente boa intenção, a burguesia imperialista pretende estabelecer uma verdadeira ditadura mundial contra a informação, que caminha a passos apressados.
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) publicou, em abril deste ano, um estudo intitulado: “Progresso frágil: a luta pela liberdade de imprensa na União Europeia”, em tradução livre, que conclui que os jornalistas da União Europeia estão mais silenciados e sufocados que nunca. Deve-se, tal situação, ao fato de “… um aumento diário no assédio online e nas ameaças digitais por parte dos muito ricos e poderosos contra jornalistas que querem silenciá-los por meio de ações judiciais”, segundo Tom Gibson, representante do Comitê.
Ainda segundo Gibson, a imprensa independente está sob ataque cerrado. Os monopólios e os governos imperialistas pretendem suprimir a imprensa independente naquilo que fogem a sua orientação, assim como elementos avulsos que podem tornar-se influenciadores nas redes sociais. Toda a informação e opinião que foge da dos monopólios imperialistas será disciplinado ou eliminado. Ainda Gibson afirma:
“Apenas uma vontade política significativa pode conter a onda de ataques que tentam denegrir a imprensa e minar a confiança do público no tipo de jornalismo independente que fornece informações factuais e oportunas.”
O argumento para eliminação e controle da informação dissidente é justamente o combate às fake news, ao discurso de ódio, tornando a posição da imprensa independente, democrática e revolucionária ou falsidade, ou propagação de ódio. Até mesmo a imprensa tradicional passa pela depuração, vozes que fogem uns centímetros da política oficial do imperialismo não encontram mais espaço.
Um dos mais famosos jornalistas estadunidenses, Tucker Carson, da Fox News, que se demitiu da empresa, denunciou que na imprensa tradicional, há temas importantes que não podem mais ser tratados. O jornalista de direita denuncia que questões que definem o futuro da sociedade norte-americana não podem ser mais objeto de debate.
Andrew Lowenthal, um australiano, diretor da EngageMedia, envolvida na campanha em defesa da liberdade de expressão e responsável por uma pesquisa sobre o tema da censura na internet sob o pretexto de combate a desinformação, afirmou:
“Subestimei quanto dinheiro está sendo injetado em think tanks, academia e ONGs na frente anti-desinformação, tanto do governo quanto da filantropia privada. Ainda estamos calculando, mas eu estimei em centenas de milhões de dólares anualmente e provavelmente ainda estou sendo ingênuo – Peraton recebeu um contrato de US$ 1 bilhão do Pentágono”.
Ainda destaca o entrelaçamento entre setores progressistas ou de esquerda e o imperialismo:
Os e-mails do Twitter mostram uma colaboração consistente entre oficiais militares e de inteligência e “progressistas” de elite de ONGs e academia […] Como o FBI e o Pentágono, outrora inimigos declarados dos progressistas por seus ataques aos Panteras Negras e ao movimento pela paz, por seu fomento à guerra e super-financiamento bruto, começaram a se fundir e conspirar? Eles se juntam em exercícios eleitorais de mesa e compartilham hors d’oeuvres em conferências organizadas por filantropos oligarcas. Essa mudança cultural e política já foi um fardo pesado, mas agora é tão simples quanto copiar um ao outro.”
Destaca ainda que a política do imperialismo é cada vez mais agressiva em relação ao controle da informação:
“Também subestimei o quão explícitas muitas organizações eram em relação ao policiamento narrativo, às vezes passando descaradamente da anti-desinformação para o monitoramento de pensamentos errados. O Virality Project de Stanford recomendou que o Twitter classificasse “histórias verdadeiras de efeitos colaterais de vacinas” como “desinformação padrão em sua plataforma”, enquanto o Algorithmic Transparency Institute falou de “escuta cívica” e “coleta automatizada de dados” de “aplicativos de mensagens fechados” para combater o “conteúdo problemático”, ou seja, a espionagem do cidadão comum. Em alguns casos o problema estava no título da própria ONG – Monitoramento Automatizado de Controvérsias, por exemplo, faz “monitoramento de toxicidade” para combater “conteúdo indesejado que aciona você”. Nada sobre verdade ou mentira, é tudo controle narrativo.”
Isto é, a campanha contra as notícias falsas e o discurso de ódio nada mais é que um disfarce que o imperialismo usa para impor uma ditadura da informação no mundo. Por um lado, cooptam um setor da esquerda para dar um ar de popularidade a essa política reacionária e ditatorial. Por outro lado, arrastam outro setor de esquerda com o espantalho do combate à extrema-direita, que seria a grande produtora das notícias falsas e do discurso de ódio.
É preciso uma grande campanha em defesa da liberdade de expressão e contra a ditadura mundial da informação.