“Isto não é nada mais do que todo o processo dos efeitos do bloqueio a que o país está submetido, em especial das últimas medidas de recrudescimento que vêm desde o governo Trump até os dias atuais. Vem havendo uma continua perseguição a todo o sistema energético cubano, em especial aos navios e embarcações (que trazem combustíveis), com os países que comercializam com Cuba. Ademais disto, nossas dificuldades financeiras decorrem do fato de não termos acesso a crédito. […] Por sua vez, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia elevou consideravelmente o preço dos combustíveis, dos alimentos e tudo o mais, o que ocasionou um impacto adicional em nossa economia. No entanto, o país está fazendo todos os esforços possíveis para amenizar a situação […] Estamos ordenando a distribuição de combustível de forma pontual, de forma a minimizar os efeitos da crise sobre a economia e a população”.
É assim que Argelio Jesús Abad Vigoa, ministro primeiro do Ministério de Energia e Minas de Cuba, canaliza a iniciativa do povo e do governo cubano em resolver a recente crise de combustíveis que afetou as comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, crise esta causada pela política genocida do bloqueio imperialista imposto pelos Estados Unidos da América.
A entrevista foi concedida ao jornalista Eduardo Vasco, correspondente internacional do Diário Causa Operária, em Havana Cuba, por ocasião das do 1º de maio.
Conforme dito acima, a tradicional comemoração na capital cubana ficou inviabilizada por causa da crise de combustíveis decorrente do bloqueio imperialista imposto sobre a ilha, e agravado pela atual crise mundial do imperialismo. Na entrevista, o ministro esclarece em detalhe estes pontos, explicando como funciona a política genocida do embargo e como ela afeta o desenvolvimento da ilha, deixando claro que ela é uma resposta ao fato de que Cuba se recusa a ser submissa aos interesses dos EUA.
Ademais disto, deixa claro que a prioridade do governo diante da crise dos combustíveis é cuidar do bem estar da população, apesar da tradicional comemoração do 1º de maio em Havana. Leia abaixo a entrevista na íntegra:
Diário Causa Operária: Qual seu nome?
Argelio Jesús Abad Vigoa: Meu nome é Argelio Jesús Abad Vigoa, sou ministro primeiro do Ministério de Energia e Minas.
Diário Causa Operária: Perfeito. Falemos um pouco da crise energética por que passa Cuba. Que é a natureza dela? Por que o país passa por essa crise no presente momento?
Argelio Jesús Abad Vigoa: Bem, isto não é nada mais do que todo o processo dos efeitos do bloqueio a que o país está submetido, em especial das últimas medidas de recrudescimento que vêm desde o governo Trump até os dias atuais. Vem havendo uma continua perseguição a todo o sistema energético cubano, em especial aos navios e embarcações (que trazem combustíveis), com os países que comercializam com Cuba. Ademais disto, nossas dificuldades financeiras decorrem do fato de não termos acesso a crédito. Há também os efeitos da pandemia. Por sua vez, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia elevou consideravelmente o preço dos combustíveis, dos alimentos e tudo o mais, o que ocasionou um impacto adicional em nossa economia. Estivemos também sob os efeitos da pandemia; e, graças a nosso sistema de saúde, conseguimos produzir nossa vacina, imunizar nosso povo e superar essa etapa. Agora, estamos no processo de despertar nossa economia depois de toda essa crise, a qual gerou um impacto econômico que nos impossibilitou de dispor temporariamente de recursos energéticos. No entanto, o país está fazendo todos os esforços possíveis para amenizar a situação, até que o problema possa ser resolvido nos próximos dias. É importante frisar que alguns de nossos países amigos, que nos fornecem ajuda, na questão energética vêm passando pelas mesmas dificuldades, pois também sofrem bloqueios e medidas restritivas. Apesar disto, superaremos esta crise, assim como superamos as anteriores. Estamos ordenando a distribuição de combustível de forma pontual, de forma a minimizar os efeitos da crise sobre a economia e a população.
Diário Causa Operária: E como podem resolver esse problema nesse momento?
Argelio Jesús Abad Vigoa: Bem, como temos feito até agora, buscando alternativas através do próprio crescimento da economia; na medida em que consigamos ter maiores níveis de exportação, teremos maior ingresso (de recursos). E fazendo uma administração pontual, otimizada de cada um desses recursos, para poder lograr a estabilidade do país para os próximos meses e anos.
Diário Causa Operária: Em outras ocasiões, Venezuela e Irã comercializaram ou doaram petróleo para Cuba. Contudo, no presente momento, também estão passando por condições adversas. Isto torna difícil trazer petróleo para Cuba?
Argelio Jesús Abad Vigoa: Não é que a situação em si seja difícil; a questão é que ambos os países possuem suas dificuldades, decorrentes dos efeitos dessas mesmas medidas restritivas (embargos e bloqueios). O próprio efeito da crise internacional fez aumentar em grande escala o valor dos fretes marítimos, assim como a disponibilidade dos navios e embarcações, o que também afetou (o transporte de combustíveis). De qualquer forma, é uma questão pontual que devemos resolvê-la nos próximos dias.
Diário Causa Operária: E como o Brasil poderia ajudar?
Argelio Jesús Abad Vigoa: Bem, o Brasil poderia se somar aos países provedores de nosso combustível, de nossos recursos energéticos. De fato, temos excelentes relações com o governo Lula e creio que estamos abertos a todas as possibilidades de comércio e ajuda mútua, do ponto de vista econômico, entre ambos os países.
Diário Causa Operária: Perfeito.