Previous slide
Next slide

Classe operária em ação

1º de Maio na França mostra tendência à radicalização na Europa

Governo Macron se mostra incapaz de conter a revolta dos trabalhadores, a qual tem o potencial de ultrapassar a paralisia de suas direções

No dia 1º de maio que se passou, ocasião das comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores, a França registrou novos protestos ainda no contexto das manifestações que tiveram como estopim a reforma da Previdência aprovada pelo governo Macron.

Enquanto que os mais recentes atos já mostravam uma progressiva escalada na radicalização dos manifestantes, os atos do de 1º de maio, que novamente se espalharam por toda a França, mostraram um nível de radicalização ainda maior, apontando que os trabalhadores e estudantes continuam dispostos a seguirem na luta contra o regime imperialista francês e, inclusive, aprofundá-la.

Conforme números divulgados pela CGT, o sindicato mais ativo à frente das manifestações, cerca de 2,3 milhões de franceses saíram às ruas nesse 1º de maio. Na tentativa de desmoralizar os protestos, o Ministério do Interior do governo Macron, por sua vez, limitou esse número a apenas 782.000 pessoas – o que já seria uma quantidade impressionante. Do lado da repressão, cerca de 12 mil policiais foram mobilizados.

No mesmo sentido, demonstrando que as tradicionais “Democracias” europeias caminham a passos largos em direção a se tornarem Estados Fascistas, em que a vigilância instituída sobre a população possui uma natureza totalitária, o Tribunal Administrativo francês validou a utilização de drones durante a manifestação parisiense de 1º de maio.

Segundo informações da imprensa francesa, é a primeira vez que os drones são utilizados para vigiar as manifestações, desde que elas se iniciaram no começo do ano.

Graças a esse mecanismo de vigilância, dois manifestantes chegaram a ser presos logo no começo das manifestações em Lyon.

Em Paris, antes mesmo das manifestações se iniciarem, a polícia promoveu a prisão de 22 manifestantes, após a realização de cerca de 2.740 revistas. Contudo, apesar da repressão, os trabalhadores e estudantes não deixaram se intimidar.

As pessoas seguiram a se aglomerar, e os cortejos a se formarem. Segundo a CGT, 550 mil franceses saíram às ruas parisienses.

Dado o número de manifestantes, e à radicalização dos mesmos, inevitavelmente os gendarmes do Estado francês trataram de reprimir aqueles que protestavam. Utilizaram o de sempre: cassetetes, spray de pimenta, gás lacrimogênio, granadas de efeito moral etc. Mas receberam a resposta à altura: vários manifestantes revidam com paus, pedras, pedaços de paralelepípedos, morteiros etc. Várias fogueiras foram acesas para dificultar o avanço das tropas repressivas.

Ainda na capital, um policial ficou gravemente ferido, ao ser atingido por um coquetel molotov.

Contudo, foi em Lyon e Nantes onde a radicalização dos estudantes e trabalhadores atingiu seu ápice. Em Nantes, cerca de 80 mil pessoas saíram às ruas. Carros de marca de luxo como BMW foram incendiados.

Mas a revolta não se conteve apenas a veículos. Fachadas de bancos foram apedrejadas, quebrando suas vidraças. Em frente à entrada da prefeitura, manifestantes aglomeraram latas de lixo para incendiá-las. Pichações foram feitas na fachada do prédio público.

Ademais disso, confrontos intensos se deram com as forças de repressão.

O mesmo cenário se desenrolou em Lyon, que contou com 45 mil manifestantes. Vejamos algumas imagens.

Ao final de um dia marcado por intensa repressão policial, cerca de 200 manifestantes foram presos.

Um breve comentário: imaginem o que os órgãos da imprensa imperialista (nacional e internacional) diriam se isto tivesse ocorrido nos países que eles gostam de chamar de “ditaduras”, tais como Venezuela, Cuba, Irã, China, Rússia, dentre outros? Resta-nos refletir a respeito do cinismo que reina no dito “jornalismo” bancado pelo imperialismo.

Prosseguindo, esse novo dia de protesto na França mostra que os governos dos países imperialistas (e, por que não, dos países oprimidos pelo imperialismo) estão tendo cada vez mais dificuldade de conter o povo de suas respectivas nações. A cada dia que passa, a população se revolta cada vez mais, tendo em vista o progressivo a aprofundamento da crise capitalista em todo o mundo.

O imperialismo nunca conseguiu se recuperar por completo da crise de 2008. Desde então, em sua tentativa de reerguer, vem cometendo erros atrás de erros, que levam os Estados imperialistas a entrarem em uma espiral de crise da qual não conseguem se desvencilhar.

O Estado imperialista francês, em particular, encontra-se em permanente instabilidade política e social desde, pelo menos, o ano de 2018, com as manifestações encabeçadas pelos coletes amarelos. À época, o estopim das manifestações foi o alto preço dos combustíveis e o imposto sobre os mesmos. Contudo, rapidamente, ficou claro que elas se direcionavam contra o regime político francês, e sua política neoliberal, de esmagamento dos trabalhadores. Duraram quatro anos e, embora tenha arrefecido, o regime político no país continuou instável, pois em 2020 veio a pandemia da COVID-19, agravando a crise econômica e social, gerando mais protestos contra o governo Macron.

Agora, desde o início do ano, Emmanuel Macron vem novamente se mostrando incapaz de conter a revolta popular contra seu governo. A mal sucedida política de sanções que o imperialismo impôs sobre a Rússia no contexto da guerra na Ucrânia aprofundou a crise econômica dos países imperialistas, em especial a daqueles da Europa continental.

A reforma da previdência imposta pelo governo francês foi apenas o estopim de uma revolta que já estava latente na classe trabalhadora francesa. Uma revolta contra a política neoliberal, contra a inflação galopante, o alto custo de vida, tudo isto enquanto o governo francês prossegue a financiar uma guerra que não é do interesse do povo francês.

A fracassada aventura imperialista na Ucrânia está servindo para colocar a classe operária francesa e europeia de volta no mapa. A tendência manifesta no continente europeu é a de que o proletariado volte agora a assumir o protagonismo da ação política. Na França é onde a situação se encontra mais avançada. Contraditoriamente, as direções do movimento operário seguem buscando conter os trabalhadores; não estão conseguindo atuar como verdadeira vanguarda da classe operária. Seguem buscando conciliar com os governos representantes do imperialismo.

No caso específico da França, já passou da hora da CGT guiar os trabalhadores em direção a um enfrentamento direto com o governo Macron, levantando a palavra de ordem “Fora Macron”. A questão política transborda nas manifestações. Caso a esquerda não se coloque à altura, é possível que o regime político francês consiga sufocar e conter a revolta popular.

Da mesma forma, ao não se colocar à altura dos acontecimentos, ficando a reboque da direita tradicional e do regime político imperialista, assustada com o fantasma do fascismo, possibilita que os trabalhadores gravitem em direção à extrema direita. Por sorte, esta vem se mostrando fraca na demagogia, pois Marine Le-Pen condenou a radicalização das manifestações do 1º de maio, denunciando as “tentativas de assassinato” contra as forças da repressão.

Por outro lado, a radicalização demonstrada pelos trabalhadores mostra que os mesmos podem ultrapassar a paralisia de suas direções. Assim, nos seio das revoltas que seguem a eclodir no continente europeu, novas direções podem surgir, mais determinadas e aptas a guiaram os trabalhadores em direção a um enfrentamento resoluto contra o regime político dos Estados imperialistas europeus. Caso isto ocorra, o regime francês ficaria inviabilizado.

Contudo, como as direções já existem, é preciso insistir em romper a política de paralisia das mesmas, em especial da CGT, que vem se colocando à frente dos protestos. O referido sindicato deve abandonar a política de conciliação com o governo, e dar vazão à questão do poder político, que transborda nas manifestações, levantando a palavra de ordem “Fora Macron”.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.