No dia de ontem (1º), foi celebrado, em todo o mundo, o Dia de Internacional de Luta da Classe Operária. Trata-se de uma das datas mais tradicionais do movimento operária, instituída em homenagem aos mártires de Chicago, assassinados pela polícia em sua luta pela redução da jornada de trabalho.
Em São Paulo, centro político do País, o ato organizado no Vale do anhangabaú não só não refletiu essa tradição, como sequer serviu efetivamente para preparar o terreno para a luta que está colocada contra a direita nos próximos meses. Isto é, a ameaça golpista contra o governo Lula, a tutela militar, a CPI do MST, entre tantas outras batalhas.
A organização do ato, responsável direto pelo fracasso do ato, chegou a ser criticada até mesmo pelo presidente Lula, logo no início de seu discurso:
“Eu estou fazendo essa caminhada porque é a primeira vez, em um milhão de atos públicos em que eu participo, que a impressão que a gente tem é que eu vou fazer uma entrevista coletiva, porque a imprensa está aqui na frente, e o povo está lá atrás. Eu acho que quem fez esse palanque aqui acha que está em dívida com a imprensa e decidiu agradar a imprensa demais e dar mais destaque às máquinas que aos companheiros que são a razão desse ato”.
A delcaração do presidente evidenciou uma série de coisas importantes. Primeiro que o fracasso do ato tem um responsável: os “organizadores” – ou, dito de maneira mais precisa, a burocracia sindical. Em segundo lugar, que o povo foi excluído do ato – a manifestação não foi montada para que os trabalhadores participassem, mas sim para que a imprensa filmasse.
E a exclusão do povo vai muito além de “não ter destaque” na manifestação. A convocação do ato foi muito mal feita, impondo, desde início, um obstáculo para a participação popular. E no próprio ato, foram colocadas cercas e seguranças para revistar cada manifestante, causando filas enormes que desmotivam qualquer um a participar do ato. Não bastasse isso, as organizações não puderam entrar com materiais tradicionais de atos públicos, como suas baterias, sob a alegação de que as baquetas representariam um “risco à segurança”.
Há uma explicação para isso tudo. A burocracia sindical capitulou para a pressão da direita, sobretudo as centrais de brinquedo UGT e Força Sindical, organizando um ato conscientemente montado para manter o público distante. A coisa chegou ao ridículo de que os manifestantes não poderiam nem mesmo levar garrafas de água. A manifestação, ao contrário de um dia de luta dos trabalhadores, se tornou uma espécie de penitenciária, onde resta aos trabalhadores assistir a um monte de discursos – os quais, com poucas exceções, se resumem a falas dos convidados pelas centrais sindicais, que nada têm a ver com o movimento operário.
O Partido da Causa Operária, apesar das dificuldades impostas pela burocracia sindical, participou do ato de primeiro de maio para defender as reivindicações do movimeto operário. O Partido levou centenas de militantes, alguns deles vindos de outros estados, e se juntou a outros companheiros do Bloco Vermelho, fazendo uma agitação em torno da liberdade de José Rainha e Magno Souza, perseguidos por sua atuação na luta no campo, pelo aumento do salário mínimo, pela reforma agrária e pela revogação de todas as reformas feitas contra os trabalhadores. Foram distribuídos ainda mais de cinco mil panfletos e coletadas milhares de assinaturas contra o Projeto de Lei 26630, o PL das Fake News.